Uma das áreas priorizadas no pacote de medidas anunciado pelo governo de Minas Gerais para o combate permanente à seca no norte do estado é o enfoque ambiental em projetos de desenvolvimento sustentável. A Secretaria de Meio Ambiente vai liberar ainda este ano R$ 10 milhões para ações de melhoria da quantidade e da qualidade da água nas áreas mais atingidas pela estiagem. Os recursos integram o Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas do estado (Fhidro).
“Temos de chegar onde os projetos tradicionais de abastecimento de água não chegam”, afirmou o secretário estadual de Meio Ambiente, José Carlos Carvalho. "O primeiro grande esforço é qualificar e ter informação para combatermos a seca. Ao mesmo tempo, criar sistemas de abastecimento de água especialmente para comunidades com menos de 200 habitnates, onde não há tecnologia da Copasa para tanto", acrescentou o governador em exercício, Antonio Anastasia.
O pacote do governo prevê ainda a aplicação de R$ 4,8 milhões na construção de 2 mil cisternas de captação da água da chuva e em capacitação das comunidades em gestão de recursos hídricos. Estas ações serão desenvolvidas em parceria com aorganização não-governamental (ONG) Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais e com a Articulação do Semi-Árido Brasileiro (ASA).
Reinaldo Teixeira, prefeito de Capitão Enéias, uma dos municípios da região, reconhece a falta de uma cultura de preservação ambiental como responsável pela potencialização dos problemas decorrentes da estiagem.
“É importante fazer barragens, aumentar a lâmina d`água, mas isso não resolverá se continuarmos desmatando, sem preocupação com a preservação das nascentes”, ressalvou.
Segundo a titular da Secretaria Extraordinária para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e do Norte de Minas (Sedvan), Elbe Brandão, a viabilidade de uma produção sustentável na região é inequívoca e depende de projetos adequados.
“Israel, que é muito mais seco, exporta liamento para o mundo. Tem a Califórnia e outros exemplos de pessoas no mundo que convivem com baixo índice pluviométrico e ainda assim há uma economia representativa para a sua sociedade”, argumentou.
Nos últimos dois anos, com estiagem em 15 meses de um total de 23, o norte de Minas contabilizou a perda de pelo menos 190 mil cabeças de gado e a retração de até 70% em lavouras. Diversos municípios decretaram situação de emergência.
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Agência Brasil, 14/11/2008)