Contagem regressiva para a indústria baleeira no Japão. São vários os sinais de que a caça às baleias promovida pelo governo japonês está com os dias contados. Resultado direto da pressão que a sociedade civil e governos vêm fazendo para dar um fim à matança no Santuário de Baleias do Oceano Antártico.
De acordo com notícias veiculadas esta semana no Japão, haverá uma redução de 20% no número de baleias a serem caçadas pela frota baleeira japonesa na Antártica. É a primeira vez que isso acontece desde 1987.
Os motivos citados pelo jornal Asahi Shimbun, um dos maiores e mais respeitados do Japão, para a redução da cota de caça são a falta de demanda por carne de baleia no país, a pressão de protestos em alto-mar e uma contínua oposição da Europa e da Austrália.
"Estamos vendo o início do fim da caça de baleias no Santuário do Oceano Antártico", afirma Sara Holden, da campanha de Baleias do Greenpeace Internacional. "Se as notícias forem verdadeiras, parabenizamos o governo japonês por dar esse primeiro passo, mas eles podem e devem ir além, e nós não vamos parar enquanto a cota não for zero."
As notícias se seguem às revelações feitas pelo Greenpeace de que a indústria foi incapaz, pela primeira vez, de montar uma tripulação 100% japonesa para a viagem da frota baleeira este ano, e que a tradicional cerimônia de despedida da frota no porto de Shimonoseki foi cancelada. Além disso, o restaurante Yushin, que vende carne de baleia em Tóquio, fechará as portas em 2010 devido a problemas financeiros.
A oposição no Japão à caça de baleias também está crescendo. No início deste ano, dois ativistas do Greenpeace no país foram presos por exporem a corrupção existente no programa baleeiro japonês. O processo político enfrentado por Junichi Sato e Tory Suzuki foi denunciado pela Anistia Internacional e, no mês passado, o Comitê de Direitos Humanos da ONU também criticou severamente o governo japonês pelas "restrições sem sentido contra a liberdade de expressão" no Japão. Também condenou o abuso da polícia japonesa, que ignorou algumas leis para ameaçar ativistas que são críticos às políticas do governo.
"A reação extremada das autoridades mostra que o trabalho do Greenpeace no Japão colocou pressão sobre o programa de caça de baleias no país", afirma Jun Hoshikawa, diretor executivo do Greenpeace Japão. "O mercado de carne de baleia claramente entrou em colapso e não é rentável, e o estigma do escândalo e de corrupção tornou esse mercado pouco atraente e menos lucrativo para a indústria trabalhar. Os dias da indústria baleeira estão contados, e é hora do cidadão japonês exigir que o governo pare de subsidiar esse programa falido."
(Greenpeace, 13/11/2008)