Representantes de federações e cooperativas agrícolas da Argentina estiveram na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul nesta quinta-feira (13/11) para relatar estratégias adotadas pelos produtores para valorização do agronegócio. Durante audiência pública da Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo, presidida pelo deputado Adolfo Brito (PP), ruralistas argentinos falaram sobre a mobilização que parou o país no primeiro semestre deste ano em defesa do setor primário. Em protesto ao aumento de impostos e restrição a importação de grãos, produtores chegaram a bloquear dezenas de rodovias do país para reivindicar melhores condições ao meio rural.
Presidente das Cooperativas Agropecuárias Federadas de Entre Rios (Cafer), Enzo Cardozo destacou que a luta dos agricultores na Argentina clamou por respeito e valorização da produção agrícola. “Lutamos simplesmente por nossos direitos”, apontou Cardozo. A entidade foi criada em 1999 e congrega hoje nove cooperativas do setor primário, com mais de 6,9 mil sócios – sendo a maioria pequenos e médios agricultores.
O secretário da Federação Agrária Argentina, Alfredo Bell, relatou a experiência da mobilização de milhares de argentinos, iniciada no mês de março deste ano. Depois de diversos protestos públicos e bloqueios de estradas, os ruralistas deram uma trégua no período de negociação com o governo de Cristina Kirchner. Na audiência pública, dirigentes da Cafer expuseram um vídeo das manifestações que duraram cerca de quatro meses. No momento em que as imagens eram mostradas no telão, muitos se emocionaram ao relembrar toda o esforço e dedicação em torno da defesa do meio rural.
O diretor analista da Brasoja, Antônio Sartori, defendeu que para o agronegócio ser valorizado como atividade produtora de riqueza é necessário uma união de todos os setores da cadeia produtiva. “Somos produtores de energia, e se não somos respeitados como tal, devemos impor este respeito por meio de mobilização e pressão”, defendeu.
Solicitada pelo deputado Giovani Cherini (PDT), que preside a Frente Parlamentar de Apoio ao Cooperativismo (Freencoop), a audiência foi finalizada com a explanação do sistema cooperativista gaúcho. “Além de trocar experiências na área do cooperativismo, abrimos um diálogo para um futuro intercâmbio comercial e cultural”, destacou Cherini.
No Estado desde o início da semana, a comitiva formada por 35 produtores argentinos conheceu o trabalho desenvolvido em cooperativas gaúchas, como a Languiru, em Teutônia, e a Cotrijal, em Não-Me-Toque.
(Por Joana Colussi, Agência de Notícias AL-RS, 13/11/2008)