A postura dos cristãos frente à mudança climática é um dos temas abordados pela Comissão de Representantes das Conferências Episcopais da Europa (COMECE), durante a Assembléia Plenária de outono que se celebra até amanhã em Bruxelas. Os prelados têm previsto estudar o informe «Visão cristã sobre a mudança climática», que foi elaborado por um grupo de especialistas nomeado pela própria COMECE no mês de janeiro passado, e presidido pelo antigo comissionado da União Européia, Franz Fischler.
Este informe sublinha que a mudança climática supõe um «grande desafio para a humanidade», ao qual se deve responder desde «propostas éticas», especialmente duas: a justiça intergeracional e a solidariedade para com os países do sul do mundo.
Durante a apresentação deste informe, em 24 de outubro passado, seus responsáveis afirmaram que «é necessário reconhecer que a luta contra a mudança de clima é antes de tudo um problema de ethos público. Será difícil de solucionar sem desafiar certos modos de organizar a sociedade, sem perguntar-nos sobre nosso modo de convivência e nosso sistema de valores».
Segundo o informe, esta reflexão ética «poderia estar baseada na teologia cristã, especialmente nos valores e nos princípios do ensinamento social da Igreja – a justiça global, a preferência pelos mais fracos, a subsidiariedade e a responsabilidade para com o bem comum».
Mas antes de tudo, sublinham os autores, a mudança climática «é um problema de justiça intra e intergeracional», frente aos países em vias de desenvolvimento e as futuras gerações, que enfrentarão o problema.
A mudança de clima «é somente um sintoma de um modo de viver insustentável, de modos de produção e modelos de consumo que não sobreviverão no futuro», acrescenta o informe.
Neste sentido, a Europa tem uma «especial responsabilidade» em combater a mudança climática, dada sua capacidade tecnológica e financeira e sua experiência em ações de cooperação. É também uma especial responsabilidade por parte dos cristãos.
O informe exige que se proponham «modos de viver baseados na moderação voluntária». «A Igreja Católica e todos os cristãos são os mais preparados para propor uma mudança na forma de viver, com iniciativas concretas e com seus exemplos de moderação».
«Nas décadas recentes, a teologia cristã preparou o mundo para uma visão renovada da criação de Deus e uma percepção mais afinada sobre o lugar e o papel do gênero humano», como «administrador da Criação». Portanto, a relação da humanidade com o ambiente «pode ser considerada racionalmente também como um problema moral».
A proposta ética cristã sobre a criação, acrescenta o informe, deve basear-se no «respeito à dignidade humana», na «visão global da justiça social», na «subsidiariedade», na «solidariedade» e na «sustentabilidade», assim como no «princípio de precaução» diante de condutas das quais não haja segurança de que não gerarão danos indesejáveis.
(Por Inma Álvarez, ZENIT.org, 13/11/2008)