No período de Lideranças da sessão plenária da Câmara Municipal de Porto Alegre desta quinta-feira (13/11), os vereadores trataram dos seguintes assuntos:
Luiz Braz (PSDB) criticou a manchete do jornal Correio do Povo de hoje segundo a qual a Câmara aprovou projeto dos espigões na orla do Guaíba. Acredita que o jornalista que produziu a matéria estava mal-informado, pois os vereadores não aprovaram nenhum projeto prevendo a construção de edifícios na área do Estaleiro Só. "O que aprovamos foi apenas a mudança de atividade a ser explorada no local, que passou de exclusivamente comercial para mista, como possibilidade de uso residencial." Explicou que o item do projeto que previa altura de 43 metros para os prédios foi retirado por emenda. Braz pediu à Presidência da Casa que solicite ao jornal a correção da matéria.
João Dib (PP) disse que não culpa a imprensa por não entender o que foi aprovado ontem e sim alguns vereadores, que, em sua avaliação, não compreenderam o que foi discutido. "A Câmara não aprovou projeto arquitetônico. Isso é com a Prefeitura. Apenas permitimos a ocupação mista da área do Pontal do Estaleiro." Dib também abriu seus sigilos bancário, fiscal e telefônico e criticou um vereador que, entrevista a uma emissora de rádio, insinuou que colegas ganharam dinheiro para aprovar a matéria. "Minha casa, inclusive, pode ser vasculhada pelas autoridades, mesmo sem mandato."
Maristela Maffei (PCdoB) criticou aqueles vereadores que, na sessão de ontem, "jogaram para a platéia" durante a votação do projeto do Pontal do Estaleiro. Segundo ela, muitos dos que se manifestaram na quarta-feira estavam na Casa em 2001, quando foi aprovada a lei complementar 470 (Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental), que acabou sendo alterada ontem. Reconheceu que cometeu um engano, na época, quando ajudou a aprovar a 470. "Tenho aqui nas mãos as notas taquigráficas daquela sessão. O que se viu ontem, portanto, foi uma fase teatral de alguns vereadores, que, aliás, não se reelegeram."
Na opinião de Guilherme Barbosa (PT), a votação acontecida ontem na Casa, que aprovou o projeto sobre o Pontal do Estaleiro, vai mudar a relação da cidade com a orla do Guaíba. Concordou com a posição de João Dib (PP), e sugeriu a todos os demais vereadores que abram seus sigilos bancários e fiscais. “Fiquei muito preocupado com o que vi e ouvi ontem aqui”, enfatizou. Barbosa disse que ficou espantado quando ouviu um engenheiro responsável pelo projeto orientando os vereadores durante a votação. “O que faz um vereador acatar a posição de um engenheiro que vem fazer lobby na Casa”, questionou.
José Ismael Heinen (DEM) disse não pedir para que os colegas quebrem seu sigilo bancário, como sugeriu Guilherme Barbosa (PT), mas garantiu que suas contas estão abertas. Ismael lembrou que, devido a sua candidatura a deputado estadual, a imprensa já havia noticiado uma redução em seu patrimônio. Ao Pontal do Estaleiro reafirmou seu voto favorável. "Sempre achei decente o projeto, pois não concordo que, na cidade, haja áreas estanques, que permitam só comércio ou só residência", afirmou. "Fui a favor da proposta justamente por propor área mista." Ismael ainda criticou o jornal Correio do Povo por tomar partido contra o Pontal.
Margarete Moraes (PT) lembrou que o projeto do Pontal do Estaleiro, que libera o uso residencial da orla do Guaíba, não tramitou nas comissões. Na sua opinião, a proposta revela preconceito. Ela recordou que a Vila Cai-Cai foi removida das imediações da Ponta do Melo sob a alegação de que a orla não poderia ter uso residencial. "Mas residência de rico pode", lamentou. Margarete também cobrou a realização de estudo de impacto ambiental sobre o projeto do Pontal.
(Por Claudete Barcellos, Marco Aurélio Marocco e Regina Andrade, Ascom CMPA, 13/11/2008)