A ONG Os Verdes Tapes está promovendo um abaixo–assinado pela criação da Unidade de Conservação (UC) da Floresta de Butiazais no município de Tapes, distante pouco mais de 100 quilômetros de Porto Alegre.
A floresta tem esse nome porque de 1920 a 1960 produziu, com a exploração da crina vegetal dos Butiazais que existem entre Barra do Ribeiro e Tapes, no Rio Grande do Sul, a riqueza econômica do município.
Conforme o ambientalista Julio Wandam, calcula-se que a idade dos butiazeiros seja de trezentos anos. “Vários estudos comprovam a importância e necessidade de ações para a preservação e conservação desta floresta”, argumenta.
O local possui uma rica biodiversidade com muitos recursos hídricos importantes conforme estudos do Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira (PROBIO), através do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (MCN-FZB/RS). Foram pesquisadas 385 espécies de plantas, 220 de aves, 30 de répteis e 425 de cascudos. Os biólogos encontraram um lagarto (Cercosaura ocellata petersi) julgado extinto.
“Sendo ela uma floresta histórica e arqueológica, rara do ponto de vista paisagístico, além de servir de abrigo para várias espécies ameaçadas de extinção, agora corre riscos com os avanços dos eucaliptos”, denuncia Júlio.
50 mil assinaturas
A meta dos ambientalistas é ambiciosa. Pretendem chegar a 50 mil assinaturas em março de 2009 para encaminha-lo em maio ao Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema), ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) e ao Ibama com cópia para conhecimento e atuação do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). O objetivo é reverter o quadro ameaçador que a floresta está sendo submetida.
“Pedimos apoio de todos os ambientalistas do Rio Grande do Sul e Brasil, além de militantes ativistas do exterior, para que assinem o abaixo-assinado em defesa da Criação da Unidade de Conservação dos Butiazais de Tapes”, convoca Julio.
Embora o otimismo prevaleça, Julio admite não tem idéia se as autoridades, sejam elas estaduais ou federais, assumirão a responsabilidade criar essa UC, mesmo existindo evidências de sobra para tal objetivo.
“Esbarramos na questão política e econômica, visto já termos observado que os grandes proprietários da área em questão são contra pela possível perda de suas terras”, analisa. Ele crê que a questão das terras será a maior dificuldade, já que a Federação dos Agricultores do Rio Grande do Sul (Farsul) já esteve em reunião com o a prefeitura e proprietários de terras. “O teor final dessa reunião foi o do silêncio sobre o assunto para que não se permita a criação da UC”, recorda.
Para assinar o abaixo – assinado, clique aqui.
(Por Carlos Matsubara, AmbienteJÁ, 14/11/2008)