O Paraná vai lançar um programa de incentivo ao plantio da seringueira dia 28 para aumentar a área da cultura dos atuais mil hectares para 10 mil hectares em prazo de dez anos. A proposta foi apresentada no início da semana pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento e pesquisadores do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) a representantes de cooperativas, na sede da Cooperativa Agro-industrial (Cocamar), em Maringá, que anunciou a intenção de ampliar a produção da cultura na sua área de atuação, o Noroeste paranaense.
Estudo do Iapar aponta a seringueira como uma cultura capaz de trazer benefícios sociais e ambientais, como alternativa de aumento de renda aos produtores familiares - porque a extração da borracha pode ser feita pela família do agricultor, mantendo assim as pessoas no campo. Segundo o pesquisador do Iapar, André Luiz Medeiros Ramos, há três formas corretas de cultivo e manejo: o plantio puro (único), consorciado (com outros cultivares como o café) e na formação de área de reserva legal.
Nesse aspecto da reserva legal, uma resolução da Secretaria do Meio Ambiente do Paraná permite o uso da árvore por um ciclo econômico em conjunto com cinco espécies nativas do Estado. Para o gerente técnico da Ocepar, Flávio Turra, que participou do encontro com as cooperativas, "o cultivo na formação da reserva legal tem se apresentado como boa alternativa porque é possível repor a reserva legal a partir do plantio consorciado entre espécies exóticas e nativas com o que, além de cumprir a legislação da reserva legal, o produtor poderá obter renda com o produto", disse.
O grande problema para a disseminação da cultura no Paraná até aqui é o fato de que ela leva entre seis a sete anos para começar a produzir mas, para superar este obstáculo, o produtor pode utilizar recursos do Pronaf-Eco e do Propiflora para o plantio. A partir desta idade a planta produz borracha durante 10 meses consecutivos, por um período de 30 a 35 anos e após esse período pode ser retirada para madeira. Segundo o Iapar, o custo de implantação do seringal em uma pequena área é de R$ 4 mil por hectare se o gasto for apenas mudas e insumos. Já em áreas grandes, onde são necessários maquinários, pode atingir a R$ 12 mil o hectare.
A Secretaria da Agricultura aponta a grande vantagem do plantio em consórcio porque, enquanto a planta não começa a produzir, o produtor pode tirar sua renda das culturas intercaladas. Há ainda o aspecto positivo de que a sombra da seringueira sobre os cafezais ajuda a aumentar o tamanho do grão do café sem apresentar alteração em relação ao sabor, ou a qualidade do produto, além de evitar a erosão em locais acidentados protegendo o solo e evitando geadas.
Hoje é São Paulo quem lidera a produção brasileira de borracha com 60% de toda a produção nacional, que deverá atingir neste ano a 108 mil toneladas para um consumo nacional de 300 mil toneladas. Os seringais paulistas foram desenvolvidos sobretudo no pólo formado por São José do Rio Preto e Barretos, mas o plantio comercial começou apenas nos anos 80. A área plantada atualmente é de 36,1 mil hectares enquanto que, no Acre, por exemplo há 1,3 mil hectares. No total, o país tem cerca de 200 mil hectares com seringueiras plantadas, sendo que 130 mil já estão produzindo, mas somente para atender o mercado interno, seriam necessários pelo menos 300 mil hectares. O grande atrativo da cultura está na sua rentabilidade: uma seringueira em produção apresenta ganhos maiores do que o da cana-de-açúcar porque a rentabilidade da borracha é de US$ 1.500 por hectare/ano e da cana, US$ 1 mil.
(
Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados, 13/11/2008)