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gestão dos recursos hídricos nascentes
2008-11-13

O supervisor de manutenção Francisco José de Souza e seu filho Eduardo, de 11 anos, acompanham atentamente a explicação sobre o que é uma nascente e a importância da revitalização e conservação do olho d´água que brota do lençol freático para alimentar uma bacia hidrográfica, manter a biodiversidade local e da natureza como um todo. “Viemos aqui para conhecer um pouco mais sobre o que é uma nascente e as maneiras de conservá-la, principalmente com o plantio de mudas de árvores nativas”, diz Francisco. “Eu e meus amigos sempre vamos até a nascente para limpá-la, mas as pessoas sempre sujam muito”, lamenta Eduardo, com sua sensibilidade infantil.

Francisco e Eduardo são moradores do bairro Vista Linda, em São José dos Campos, uma das maiores cidades do interior de São Paulo. Na frente de sua casa, em um condomínio residencial, nasce uma das dezenas de córregos que se juntam ao longo de vários quilômetros e formam, no final, o Rio Paraíba do Sul. Devido à proximidade com a fonte e o interesse na sua conservação, eles estavam entre os 20 participantes de uma das atividades do projeto Revitalização de Nascentes, desenvolvido há dois anos pela Secretaria de Meio Ambiente (Semea) do município, atualmente na sua terceira fase de implementação.

O trabalho consiste no plantio de mudas nativas da região em uma área de 50 metros de raio no entorno das nascentes. Em média são plantadas cerca de 1.500 no entorno de cada vertedouro. Após o plantio faz-se o acompanhamento, por no mínimo dois anos, para garantir a sobrevivência da nova vegetação que manterá a quantidade e a qualidade das águas.

“Esse é um projeto de longo prazo e nossa intenção, no futuro, é trabalhar diretamente no Paraíba do Sul. A revitalização das nascentes é o início de um trabalho bem maior, que envolverá ainda mais gente”, explica William Alvarenga Portela, assessor de Parques e Áreas Verdes da Semea e criador do projeto.

Educação ambiental e multiplicadores
As duas primeiras fases do projeto de revitalização de nascentes foram desenvolvidas em áreas públicas e contabilizarão, até o final de 2008, cerca de 40 mil mudas de árvores da Mata Atlântica plantadas ao redor de 35 nascentes de afluentes do Paraíba do Sul em São José dos Campos. Algumas das árvores plantadas, segundo Portela, são endêmicas do município, só existem ali.

No início do projeto, a Semea fez um trabalho para localização e mapeamento das nascentes, complementado com levantamentos de campo. Em seguida, começou o plantio das mudas, acompanhado sempre pela comunidade, além de estudantes e professores de escolas públicas e particulares.

“Desde o início, fizemos questão de desenvolver atividades de educação ambiental em paralelo com a parte técnica de plantio das árvores e manutenção da conservação da área. Para tal, idealizamos o Dia de Imersão, no qual fazemos demonstrações em campo e damos palestras, sempre de uma forma muito lúdica, sobre os assuntos técnicos que dizem respeito às nascentes e a sua revitalização. O intuito é fazer com que estudantes, professores e lideranças comunitárias entendam o que está sendo feito e se tornem multiplicadores da idéia”, diz Portela.

Até o final de 2007, por exemplo, sete mil crianças já tinham participado de atividades do projeto, incluindo a plantação de mudas. Este ano, o número de estudantes e de professores envolvidos continuou no mesmo ritmo, acrescidos por moradores e lideranças comunitárias de bairros que têm nascentes em suas áreas. O Dia de Imersão do qual Francisco e Eduardo participaram no final de outubro é um exemplo desse tipo de atividade desenvolvida pelo projeto.

Vale ressaltar um outro público muito importante para o projeto: as empresas da região. Das 35 nascentes monitoradas, cinco foram adotadas por empresas instaladas na cidade. Elas se tornaram responsáveis pelo plantio de mudas e pela conservação do verde no entorno das nascentes, sempre ao lado da Semea.

Saldo positivo e reconhecimento
No momento, o órgão público municipal inicia a terceira etapa do projeto, que consiste no envolvimento de proprietários de áreas particulares com nascentes. Depois dos primeiros contatos feitos com proprietários, 52 pessoas já demonstraram interesse em participar e o plantio já teve início em três localidades.

O trabalho desenvolvido em São José dos Campos ao longo dos dois últimos anos já teve um reconhecimento em nível nacional. De acordo com a ANA – Agência Nacional das Águas, a iniciativa combinada com a abrangência da área de nascentes faz com que a experiência em São José possa ser considerada pioneira no país. Tanto que o projeto é um dos finalistas do Prêmio ANA 2008, cujo resultado final será divulgado no início de dezembro.

Relatórios técnicos sobre a situação das primeiras nascentes revitalizadas serão divulgados até o fim do ano, mas já se sabe, pelo o que é visto no campo e pelo retorno do público envolvido, que os resultados são animadores. “Em quase dois anos de projeto, perdemos apenas uma nascente, por um incêndio criminoso, e já verificamos em algumas áreas o aumento da quantidade de água que brota. Pelo tempo de trabalho que temos, consideramos esse resultado muito bom”, conta Andréa Sunfeld, coordenadora do projeto e assessora de Educação Ambiental da Semea.

O saldo positivo, segundo a equipe à frente do projeto, extrapola a recuperação das nascentes. “É importante ressaltar que a revitalização das nascentes não consiste apenas na conservação dos recursos hídricos. Como esse trabalho, também contribuímos muito para a recuperação e manutenção da biodiversidade local e à melhoria da qualidade do ar. Sem contar a contribuição para o controle do aquecimento global”, explica Sunfeld.

Desse saldo positivo, vem o reconhecimento e o incentivo para a continuidade e o envolvimento de públicos diversos, trabalhando como multiplicadores. Como é o caso de Francisco, citado na abertura da matéria. “Agora pretendo passar o que aprendi com o projeto para os meus vizinhos, porque o mais importante é conscientizar as pessoas”, afirma o supervisor de manutenção, que fez questão de levar o filho para o Dia de Imersão e anotava, prancheta em punho, tudo o que considerava mais importante para ser divulgado na sua comunidade.

(Por Jaqueline B. Ramos*, OEco, 12/11/2008)
*Repórter em São José dos Campos (SP) e escreve o blog Ambiente-se.


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