Os Estados Unidos perderam uma bomba nuclear numa zona de gelo no norte da Groelândia na sequência do despenhamento de um dos seus bombardeiros. O incidente deu-se há 40 anos mas só agora foi revelado pela BBC.
De acordo com documentos encontrados pela cadeia de televisão, obtidos graças ao “Freedom Information Act”, uma lei americana que permite que os agentes federais possam disponibilizar os seus documentos, a bomba nunca foi localizada, apesar das investigações levadas a cabo nas imediações da base aérea de Thulé, onde se despenhou em 1968 um bombardeiro estratégico B-52 com quatro bombas nucleares a bordo, segundo John Haug e Joe D'Amario, pilotos na altura.
A base de Thulé é a mais setentrional e tinha uma grande importância estratégica para o país. Construída em plena Guerra Fria, no início dos anos 50, tinha como objectivo detectar qualquer lançamento de mísseis por parte da Rússia através dos radares Norad, um sistema de vigilância do espaço aéreo norte-americano.
O acidente em questão aconteceu a 21 de Janeiro de 1968, mas três das quatro bombas perdidas foram recuperadas. Em Abril do mesmo ano foram feitas algumas procuras submarinas mas mesmo assim não se conseguiu localizar a quarta bomba nuclear e a procura acabou por ser abandonada com a aproximação do Inverno que congelou as águas, impedindo as buscas.
Ainda de acordo com a BBC, os norte-americanos garantem que a bomba – que teria urânio e plutónio – já não representa qualquer perigo pois a radioactividade ter-se-á dissolvido na água. A presença de armas nucleares na Groelândia, território autónomo da Dinamarca, foi sempre mantida em segredo e, mesmo depois de estas informações terem vindo a público, o departamento de Estado norte-americano recusou-se a comentar a informação. Anteriormente o Pentágono tinha indicado que as quatro bombas tinham sido destruídas, em resposta às preocupações sobre a segurança na zona e o impacto ambiental da perda.
(Ecosfera, 11/11/2008)