Empurrando o carrinho de bebê com a filha e margeando a rodovia de acesso à Ilha da Pintada com os outros dois filhos em volta de si, a desempregada Indiara Rodrigues Santana, de 22 anos, caminha em direção a seu casebre de duas peças de madeira, onde mora há cinco anos, ao lado do acostamento.
Os veículos que se deslocam em velocidade pela rodovia BR-290 passam a poucos centímetros das crianças, que passam o dia brincando ao lado do perigo.
– Um filho meu já foi atropelado. Por sorte não foi grave. Meu marido e eu sabemos que é perigoso aqui, mas não podemos abandonar o pouco que temos. Não temos para onde ir – comenta a jovem mãe.
Nascida na Ilha da Pintada, ela cresceu no “Retorno do Esso”. É assim que as 210 famílias residentes na região se referem à localidade, em referência a um antigo posto de combustíveis.
O marido faz bicos, incertos, e a renda familiar é pouca para o sustento familitar. Por isso, a oferta da prefeitura de transferir a família para um loteamento com água encanada, energia elétrica sem gato e saneamento é interessante, mas vista com ressalvas, porque estão cansados das sucessivas promessas.
– Quando chegamos aqui, não havia nada impedindo a gente de construir nossas vidas neste local. E se agora querem que a gente se mude, que isso não seja uma promessa, mas uma realidade. Precisamos ver para crer – relata Indiara.
(ZH, 11/11/2008)