Usinas nucleares menores do que uma barraquinha de cachorro quente e capazes de gerar energia para abastecer 20 mil casas estarão à venda em cinco anos. Isso significa que os moradores de uma cidade poderão se reunir e comprar a própria usina nuclear a um preço acessível. Os reatores em miniatura são produzidos pelos cientistas do laboratório americano Los Alamos, o mesmo que desenvolveu a primeira bomba atômica.
As miniusinas sairão seladas de fábrica, sem conter partes móveis ou materiais de cunho armamentista. Os inventores afirmam que será praticamente impossível roubar as instalações, já que elas serão fixadas no concreto e enterradas no subsolo. Um acidente parecido com o de Chernobyl também é descartado pelos fabricantes, justamente pelo fato de o equipamento ser uma peça única, sem opção de desmonte.
O design é semelhante ao das usinas produzidas nos anos 50, comprovadas como seguras para uso de estudantes. Por isso, os produtores esperam que haja pouca objeção dos países quanto à instalação dos reatores em seus territórios.
Preço
A tecnologia foi licenciada pelo governo dos Estados Unidos para a empresa Hyperion, localizada no estado de Novo México, e a produção em massa dos equipamentos iniciará em cinco anos. "Nossa meta é gerar eletricidade a 10 centavos de dólar por watt em qualquer lugar do mundo", informa o diretor-executivo da Hyperion, John Deal.
Cada miniusina custará aproximadamente US$ 25 milhões, valor que torna a compra acessível a uma comunidade de 10 mil habitantes, por exemplo, em que cada residência pagaria US$ 250.
Deal afirma já ter recebido mais de 100 pedidos, a maioria de indústrias de óleo e eletricidade; mas diz que também está preocupado em levar a novidade para países em desenvolvimento e comunidades isoladas.
A empresa planeja montar três fábricas para produzir quatro mil miniusinas entre 2013 e 2023. "Nós já temos 100 reatores na fila de espera e estamos nos organizando para produzí-los em massa".
Demanda
A primeira confirmação de pedido veio da empresa checa TES, especializada em usinas movidas a água. "Eles já confirmaram seis unidades e deixaram outras 12 pendentes. Nós estamos certos da capacidade de pagamento deles", comenta Deal.
O jornal britânico The Guardian afirma que a primeira usina em miniatura será instalada na Romênia. O Comitê para Controle Nuclear do país, no entanto, declara que não faz idéia do projeto e que não recebeu nenhuma notificação solicitando autorização para a miniusina nuclear.
A Hyperion possui uma lista de espera de seis anos e já negocia com desenvolvedores nas Ilhas Caimã, no Panamá e nas Bahamas. Uma inscrição para a construção das usinas será submetida à Comissão de Regulamentação Nuclear no próximo ano.
Os reatores possuem apenas alguns metros de diâmetro e serão entregues por um caminhão para serem enterrados no local de funcionamento. As estações deverão ser reabastecidas em cada 7 a 10 anos.
Outras empresas já são conhecidas por desenvolver pequenos reatores. A Toshiba está testando um de dois metros por seis metros, projetado para abastecer um número menor de residências e que poderá gerar energia para um único prédio dentro de 40 anos.
(Por Sabrina Domingos, Carbono Brasil, Envolverde, 11/11/2008)
* Com informações do The Guardian.