Organizações de pescadores e ecologistas denunciaram ontem (10) a gigante siderúrgica mundial Thyssenkrupp e a mineira Vale pelo que qualificam de "crimes ambientais" na construção de um projeto de cerca de US$ 7 bilhões no litoral de Rio de Janeiro.
A Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), na qual o grupo europeu tem 90% e a Vale 10%, está sendo construída às margens da baía de Sepetiba, no oeste do município do Rio de Janeiro e produzirá 5,5 milhões de toneladas anuais de placas de aço e 490 megawatts de eletricidade.
A denúncia foi apresentada pela Federação de Pescadores Artesanais do estado de Rio e pelo Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul", uma entidade social do Rio, vinculada ao centro Rosa Luxemburgo, da Alemanha.
A CSA, no bairro de Santa Cruz, tem créditos, incentivos fiscais e de infra-estrutura do Governo, assim como o apoio manifesto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo os denunciantes, a dragagem do futuro porto remove 20 milhões de metros cúbicos de lama contaminada com metais pesados, que estão sedimentando o outro extremo da baía, dispersando resíduos e matando os peixes.
A lama dragada "não tem um destino apropriado" e uma parte foi depositada de novo no fundo da própria baía em contêineres.
Os opositores também denunciaram que uma ponte de quatro quilômetros e um píer de 700 metros para receber carvão mineral destruíram nove quilômetros de mangues e fecham a passagem dos navios de pesca.
"O que estamos sofrendo lá é muito difícil para nós. Estão nos expulsando de nossa área de trabalho", afirmou o pescador Luis Carlos de Oliveira.
"São 8.070 pescadores que vivem da pesca na baía e que agora passam dificuldades", pois a coleta de peixes, camarões e caranguejos diminuiu 70%, afirmou.
Outro dirigente, Ivo Siqueira Soares, disse que as licenças ambientais foram fraudulentas, assim como as "ridículas e humilhantes" audiências públicas para discutir o projeto, nas quais foram excluídos os opositores.
O advogado da Fapesca, Víctor Mattrar Mucare, explicou que os pescadores mantêm sete ações por danos e prejuízos contra a CSN e pediram indenizações no valor de R$ 300 mil para cada uma das famílias para compensar os danos sofridos desde que, em 2006, começou a obra.
O Ministério Público do Trabalho também iniciou processos judiciais por indícios de contratação irregular de trabalhadores.
Consultada pela Agência Efe, a CSN disse que a tecnologia de dragagem foi testada e é a mais confiável do mundo. A empresa, que começará a operar no final de 2009, também argumentou que está reflorestando a área onde se excedeu no corte da floresta e que cumpriu todos os requisitos das autoridades ambientais. EFE
(EFE,
G1, 10/11/2008)