Na nova entrada do Jardim, um bonito “deck” de madeira acompanha o Córrego Pirarungáua
Ao completar 80 anos, o Jardim Botânico de São Paulo está remodelado. Ganhou uma nova entrada e a antiga alameda ornada por caramanchões, deu lugar a um “deck” de madeira de 240 metros, para acompanhar o Córrego Pirarungáua, que ganhou vida nova após permanecer canalizado por 70 anos.
As comemorações, ocorridas no sábado, 8/11, incluíram a reinauguração da entrada principal e o lançamento do livro “Do Éden ao Éden – jardins botânicos e a aventura das plantas”, de autoria dos pesquisadores Gil Felippe e Lilian Penteado Zaidan. Houve, ainda, o lançamento feito pelos Correios de selo comemorativo e carimbo postal com a logomarca dos 80 anos do Jardim Botânico.
“Com esse lançamento, ratificamos o compromisso de propagar, por meio da filatelia, os valores nacionais e coroar o trabalho dos profissionais que ajudaram a perpetuar este santuário vivo de São Paulo” disse Vinicius Garcia da Costa, diretor Administrativo dos Correios de São Paulo.
“É com muito orgulho que o Jardim Botânico reabre a sua portaria principal para mostrar à população o Córrego Pirarungáua, resgatado debaixo da terra, graças à criatividade de nosso arquiteto Paulo Ganzeli. Hoje é possível observar o córrego desde a sua nascente, atravessando o jardim, para ir juntar-se aos demais córregos que formam o Riacho do Ipiranga”, comemorou Vera Bononi, diretora do Instituto de Botânica, da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e ao qual o Jardim é vinculado.
Bononi informou que o Jardim Botânico não dispunha de sistema de irrigação, que foi agora introduzido, utilizando as águas do próprio córrego e propiciando uma economia de 400 mil litros de água por mês. A diretora informou, ainda, que todas as plantas usadas nas margens do córrego foram obtidas pelo projeto de resgate de plantas, mantido pelo Instituto de Botânica, que são retiradas de locais onde serão construídas estradas, neste caso, o Rodoanel.
“Estamos todos muito felizes com esta cerimônia, agradeço os mentores e autores desta pequena maravilha que, num trabalho próximo ao dos arqueólogos, descortinaram para a humanidade um tesouro escondido. O Córrego foi revitalizado, 'renaturalizado', aproveito para fazer uma reflexão. Está na hora de “renaturalizarmos” coisas em nossas vidas cheias de artificialismos. Na busca de bens materiais estamos perdendo o contato com a natureza, precisamos repensar o nosso estilo de vida. A natureza não vai suportar essa pressão consumista”, afirmou o secretário Xico Graziano.
Revitalização do Córrego PirarungáuaAs obras de revitalização do Córrego Pirarungáua, um dos formadores do Riacho do Ipiranga e cuja nascente encontra-se dentro dos limites do Jardim, começaram em março de 2008. O projeto de revitalização contemplou as obras que trouxeram à luz as águas que corriam por um canal subterrâneo construído em 1940, sem muita tecnologia, com paredes de tijolo e uma laje embaixo. A realização desta obra atendeu os princípios estabelecidos no Plano de Manejo do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, que fornece diretrizes para a recuperação dos corpos d’água do Parque.
A revitalização foi possível, em função de um trecho da Alameda Fernando Costa, que cobria o córrego, ter cedido e os técnicos terem constatado que o local estava condenado por inteiro, do ponto de vista estrutural. O calçamento foi retirado e a recuperação das margens do Pirarungáua foi iniciada, permitindo que o córrego voltasse a correr a céu aberto.
As obras, incluindo a construção do “deck” de madeira de eucalipto de reflorestamento, tratado para suportar intempéries, foi orçado em 1 milhão e 400 mil reais. A fila de jerivás, árvore típica desta região da Mata Atlântica, plantados na década de 40 por Frederico Carlos Hoehne, criador do Jardim Botânico, permaneceu e continua dando o caráter monumental à entrada do parque.
A revitalização abrangeu a regeneração e paisagismo das margens do córrego, com utilização de espécies da Mata Atlântica retiradas de locais por onde passará o trecho sul do Rodoanel. E o corredor de entrada foi, ainda, todo adaptado para permitir a acessibilidade de pessoas com problemas de locomoção.
Segundo o arquiteto Paulo Ganzelli, a proposta tem duas questões importantes. A primeira é a recuperação do próprio Riacho do Ipiranga e a segunda a regeneração das margens com a vegetação do parque possibilitando ao visitante o caminhar ao longo do Córrego por jardins da Mata Atlântica.
Lançamento do LivroNa publicação “Do Éden ao Éden – jardins botânicos e a aventura das plantas”, da Editora Senac, os pesquisadores Gil Felippe e Lílian Penteado Zaidan se propõem a descrever todas as belezas e curiosidades encontradas nos diversos jardins botânicos espalhados pelo mundo. O livro, com 322 páginas, fartamente ilustradas, está à venda por R$ 80,00.
A publicação traz informações e curiosidades sobre 25 dos principais jardins botânicos do mundo, entre os quais os de São Paulo e do Rio de Janeiro. O destaque é o de Kew, em Londres, considerado o maior e o mais importante do mundo, possuindo em sua coleção a planta conhecida como flor-cadáver ou língua-do-diabo, considerada a maior flor do mundo, medindo até três metros, originária da Ásia, cuja característica é o odor fétido que exala, podendo ser sentido a até um quilômetro de distância.
O leitor passeia ainda pelos principais jardins europeus, americanos e asiáticos, como os de Berlim, Edimburgo, Amsterdã, Paris, Pisa, Bolonha, Chelsea, Oxford, Harvard e Bogor. O título do livro faz uma referência aos jardins do Éden e ao Projeto Éden, na Cornualha, no Reino Unido, criado em 2001, desenvolvendo uma concepção vanguardista para atrair o público e exaltar a conservação ambiental, o uso consciente da terra e um futuro sustentável para a humanidade.
Para os autores, a atração que as pessoas têm pelos jardins botânicos é porque o Homem foi posto fora do Éden e está sempre à procura de reaver esse jardim.
(Por Cris Olivette,
Ascom Cetesb, 10/11/2008)