Estudo realizado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, mostra que uma das alternativas de destino para o glicerol — um subproduto da produção de biodiesel — é a alimentação animal. O trabalho, realizado no Laboratório de Não Ruminantes do Departamento de Zootecnia (LZT), observou o impacto da adição de até 9% de glicerol na dieta de suínos em crescimento e terminação considerando as características de carcaça e da qualidade da carne.
O zootecnista Bernardo Berenchtein, autor do estudo, explica que foram utilizados 64 animais de linhagem industrial com peso médio inicial de 33 quilos (Kg). Os animais foram distribuídos em 32 baias de acordo com o sexo e peso inicial, recebendo, respectivamente, níveis de 0, 3, 6 e 9% de glicerol na ração.
Em cada uma das três fases — crescimento I (33 a 65,00 kg), crescimento II (65 a 85 kg) e terminação (85 a 99,97 kg) — os suínos receberam rações balanceadas e água à vontade. Ao atingirem cerca de 100 kg, os animais foram abatidos e as carcaças avaliadas quanto ao comprimento, espessura de toicinho e área do lombo.
Segundo o pesquisador, a qualidade da carne não foi comprometida. “De modo geral, o glicerol pode ser utilizado como ingrediente energético de rações de suínos em crescimento e terminação até o nível de 9%, sem afetar sensivelmente o desempenho e a qualidade”, aponta. Amostras do músculo do lombo foram enviadas ao Laboratório de Qualidade e Processamento de Carnes do departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição (LAN) da Esalq para medição do pH, cor e perda de água e os resultados mostram que o glicerol não interfere de fato no produto final.
A pesquisa de mestrado foi apresentada no último mês de agosto. De acordo com o professor orientador do trabalho, Valdomiro Shigueru Miyada, do Departamento de Zootecnia (LZT), os resultados são importantes na medida em que fornece indícios positivos ao destino de um subproduto. “Para os animais não é necessário o nível de pureza exigida ao consumo dos seres humanos, ficando claro que o glicerol pode ser adicionado de maneira satisfatória na alimentação animal sem a necessidade de um processamento tão rigoroso, já que não compromete a qualidade da carne suína”, enfatiza.
O barateamento do processo se mostra possível já que fora empregado porções de glicerol semipurificado proveniente de sebo bovino. Além disso, incluir o glicerol implica na diminuição da dependência do milho, o que permite baixar o custo de produção, considerando que a alimentação representa cerca de 75% do custo total. De acordo com o pesquisador, para cada litro de biodiesel produzido, são gerados 100 mililitros de glicerol.
Mais informações: (13) 8152-2983 ou email berenchtein@cena.usp.br
(Agência USP, com informações da Assessoria de Comunicação da Esalq10/11/2008)