Há seis anos, uma resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente determinava que fabricantes automotivos e a Petrobras substituíssem o diesel usado no Brasil por uma versão menos poluente. O prazo acabou e nada se fez. Na quarta-feira 5, um acordo assinado com o Ministério Público Federal (MPF) adiou o prazo para cumprimento da resolução. Para o MPF, o novo acordo significa a chance de adoção de uma verdadeira política nacional.
O País deveria adotar o diesel com 50 ppm (partes por milhão) de enxofre, substância poluente e com potencial cancerígeno. Hoje, o diesel tem 2.000 ppm de enxofre. Será reduzida a 500 ppm. Bem longe das 50 ppm. Na Europa, tem 10 ppm.
Entidades protestaram contra o acordo, em frente ao prédio da Justiça Federal, em São Paulo. Oded Grajew, do Movimento Nossa São Paulo, falou à CartaCapital.
CartaCapital - O prazo era suficiente?
Oded Grajew - Até demais. A indústria já fabrica esses modelos no exterior e o faz, aqui, para exportação. E a Petrobras não é uma empresa de poucos recursos.
Como os ministros atuaram?
Grajew - É incrível o Ministério da Saúde não alardear a questão do diesel, que mata mais do que a dengue. No Meio Ambiente, o Carlos Minc representa um grande perigo para a causa ambiental. Nessa questão, ele mentiu. Claramente.
O que será feito?
Grajew - Uma série de denúncias, ações judiciais e políticas, dentro e fora do País. Responsabilidade social é o que acontece no coração de uma empresa. O dano do diesel sujo é infinitamente mais abrangente do que ações filantrópicas que possam ser apoiadas. O Brasil gastará muito mais em saúde pública do que a Petrobras precisaria para substituir o diesel.
(CartaCapital, 07/11/2008)