O Movimento Defenda a Orla mantém permanente mobilização contra o projeto Pontal do Estaleiro, que será votado na próxima quarta-feira, 12, na Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Todos os dias, das 19h às 20h, os manifestantes fazem panfletagem na Feira do Livro. O ponto de encontro é na entrada da Feira pela Rua dos Andradas, perto da esquina com a rua Ladeira, com caminhada pela feira, distribuindo panfletos e carregando faixas, cartazes e o abaixo- assinado, que pode ser acessado de forma eletrônica pelo abaixo-assinado. As manifestações devem ocorrer até a próxima terça-feira, 11, véspera da votação.
De acordo com a Assessoria de Imprensa da Câmara de Vereadores, a mesa diretora e lideranças partidárias decidiram manter a data de 12 de novembro para votação do projeto. Para o presidente da Casa, vereador Sebastião Melo (PMDB), “serão tomadas todas as medidas para uma sessão segura, com representações de todos segmentos interessados." O projeto de lei que trata do Pontal do Estaleiro é subscrito por 17 vereadores e propõe a revitalização urbana da orla do Guaíba, em trecho localizado na chamada Ponta do Melo.
A cada dia, o Movimento Defenda a Orla recebe apoio de instituições e personalidades. As últimas foram da artista plástica Zorávia Bettiol, do cartunista Santiago e do jornalista e escritor Carlos Urbim. Este último escreveu o seguinte: “Cravaram antes um muro da vergonha no coração da cidade. Mataram, para quem passa por ali, a visão da água. Depois estreitaram o caminho fluvial para plantar asfalto e concreto administrativo. Deixaram, ao menos, um rastro de verde no Parque Marinha. Agora, por absoluta ganância, querem invadir a ponta do estaleiro. Porto Alegre não merece tanta agressão. O Guaíba, estrangulado, precisa respirar. E todos os moradores querem aproveitar - sem muros, barreiras e espigões - a beleza única do nosso estuário.”
Perigoso precedente
Para os coordenadores do Movimento, Paulo Guarnieri, Filipe Oliveira e César Cardia, estas manifestações significam apoio a todas as entidades que se posicionam contrárias à alteração da Lei Complementar 470/02, “encaminhada com vício de origem e que beneficiaria apenas um empreendedor, e que poderá abrir um perigoso precedente para o crescimento da cidade, trazendo problemas de impactos ambientais, problemas viários e aumento da poluição, especialmente no nosso Rio Guaíba”.
“Quando adquiriu o terreno, em leilão, o empreendedor pagou um valor mais baixo, porque a construção de prédios residenciais, na área, estava impedida por lei”, explicam os manifestantes e defensores da Orla, ao denunciar a pressão para mudança da lei, beneficiando um mínimo de pessoas em detrimento de toda a população. “Caso a lei seja alterada, o Poder Público Municipal estará sendo irresponsável com as pessoas que morarão ali, pois é área de proteção ambiental, mas com risco de enchentes. Além de anti-ético, desrespeitará a legislação”.
O Movimento Defenda a Orla enfatiza a votação da orla, “em qualquer lugar do mundo”: Lazer e recreação. “A construção do empreendimento inviabilizaria a implantação de um parque ecológico, em que toda a população tenha acesso”, observa César Cardia, ao reafirmar “queremos garantir a vista do nosso Guaíba e seu belo pôr-do-sol”.
Apoiadores
As entidades que já manifestaram publicamente seu repúdio ao projeto Pontal do Estaleiro são Fórum Municipal de Entidades, Agapan (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural), Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho, Amabi (Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Independência), Movimento Viva Gasômetro, Associação Moinhos Vive, Ambi (Associação dos Moradores do Bairro Ipanema), Ama (Associação dos Moradores da Auxiliadora), CCD (Centro Comunitário de Desenvolvimento da Tristeza, Pedra Redonda, Vilas Conceição e Assunção), CMVA (Conselho Gestor dos Moradores da Vila Assunção), Defender (Defesa Civil do Patrimônio Histórico), Associação dos Moradores da Cidade Baixa, Associação de Moradores do Centro de Porto Alegre, Associação Comunitária Jardim Isabel Ipanema, Amobela (Associação dos Moradores da Bela Vista), Ceucab/RS (Conselho Estadual da Umbanda e dos Cultos Afro-Brasileiros do RS), AMSC (Associação dos Moradores do Sétimo Céu), Movimento Petrópolis Vive, UPV (União Pela Vida), ONG Solidariedade, Movimento Higienópolis Vive, Amachap (Associação dos Moradores do Bairro Chácara das Pedras), Instituto Biofilia, InGá Estudos Ambientais, NAT/Brasil (Núcleo Amigos da Terra), DCE/UFRGS, Diretórios Acadêmicos da Fabico, da Geografia, Arquitetura, História e da Biologia, Instituto dos Arquitetos Brasileiros/RS, Sindicato dos Engenheiros do RS, Associação dos Geógrafos Brasileiros, seccional Porto Alegre, Associação Chico Lisboa e Asae (Associação dos Empregados da Emater/RS-Ascar).
(Ecoagencia, 0/11/2008)