O Brasil está cumprindo com os compromissos firmados internacionalmente quanto à redução de emissões dos gases de efeito estufa, avaliou na sexta-feira (7), em entrevista à Agência Brasil, o coordenador da Comissão Interministerial do Clima do Ministério da Ciência e Tecnologia, Newton Paciornik.
Embora não exista nenhuma meta estabelecida para os países em desenvolvimento, os projetos do chamado Mecanismo do Desenvolvimento Limpo (MDL), implantados no país, vêm cumprindo o seu objetivo. “O que a gente entende é que tem que fazer e mostrar que a gente está fazendo, independente de ter ou não ter metas, porque isso é um objetivo global”, destacou.
De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU) atualizados na sexta-feira, o número de projetos registrados no Conselho Executivo do MDL totaliza 1.197 em todo o mundo, dos quais 146 estão no Brasil. Em setembro deste ano, os projetos registrados no conselho alcançavam 1.112, sendo 142 brasileiros.
Segundo Paciornik, a redução anual projetada de emissões de gases causadores do aquecimento global é de 229,909 milhões de toneladas no mundo. No Brasil, a redução de emissões prevista por ano, para o primeiro período de obtenção de créditos, que pode ser de, no máximo, dez anos para projetos de período fixo ou de sete anos para projetos de período renovável, é de 19,515 milhões de toneladas, segundo a ONU.
Mecanismo de compensação incluído no Protocolo de Quioto a partir de uma proposta brasileira, o MDL prevê que parte da redução das metas dos países desenvolvidos pode ser feita através de atividades e projetos realizados em países emergentes. “A gente considera que essa é a forma correta dos países em desenvolvimento colaborarem com esse esforço global. E nós estamos realmente muito satisfeitos com os resultados desses projetos, inclusive porque eles têm uma contribuição forte para o desenvolvimento sustentável”, comentou Paciornik.
A maior parte dos projetos MDL realizados no Brasil se refere às áreas de energia renovável, com destaque para pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), biomassa de reservas florestais e de cana-de-açúcar; aterros sanitários e fazendas de suínos, de acordo com o coordenador da comissão.
A região Sudeste lidera com o maior número de projetos, com destaque para os estados de São Paulo (21% do total nacional) e Minas Gerais (14%). Em seguida, em termos de participação nacional, aparecem Mato Grosso e Rio Grande do Sul, com 9% cada.
Especialistas de cerca de 30 países se reuniram hoje no Rio de Janeiro para discutir os esforços que vêm sendo feitos em termos de monitoramento e avaliação de capacitação de países em desenvolvimento para reduzir os impactos das mudanças climáticas.
(Por Alana Gandra, Agência Brasil, Ambiente Brasil, 08/11/2008)