Em ronda pelo interior de Ponte Alta, na Serra Catarinense, a Polícia Ambiental encontrou a pele de um leão-baio pendurada na parede de uma casa. O morador admitiu que havia envenenado o animal, e se disse muito satisfeito em tê-lo visto sem vida. O fato ocorreu na localidade de Monjolinho.
No fim da tarde da última quinta-feira, os policiais passaram pela residência de um senhor de 74 anos e avistaram a pele, esticada para secar nos fundos de uma garagem. O homem contou que o felino morreu após consumir Furadan, um potente inseticida bastante utilizado em plantações de batata e colocado por ele em uma galinha morta, feita como armadilha para capturar graxains, espécie de cães-do-mato que atacam ovelhas e outros animais.
O agricultor lembrou que sua intenção não era matar especificamente um leão-baio, e admitiu até ter ficado surpreso com a inesperada captura, mas não escondeu a alegria em se ver "livre de um prejuízo" que o vinha acompanhando, já que estes felinos também costumam atacar pequenos rebanhos.
O homem disse ainda que uma pequena quantidade de Furadan é suficiente para matar vários animais, e que sua intenção é continuar a matança de graxains, leões-baio e qualquer outro bicho que represente ameaça à sua criação.
O produtor enterrou o corpo do leão-baio, até porque a carne estava contaminada com o inseticida e não poderia ser consumida, mas retirou toda a pele, de 2,40 metros de comprimento do nariz à ponta da cauda, e a estendeu na parede como um troféu.
O homem não foi preso. Ele foi multado em R$ 500 e será processado por crime ambiental, com base no artigo 29 da Lei 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais), por ter matado um animal nativo. A pele ficará na sede da Polícia Ambiental, em Lages, até que seu destino, provavelmente para estudos, seja definido pela Justiça.
Segundo União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, na sigla em inglês), responsável pela catalogação de espécies em risco, o leão-baio figura entre os animais ameaçados de extinção.
(Por Pablo Gomes, A Notícia, 07/11/2008)