O primeiro leilão de marfim em nove anos na África Austral arrecadou US$ 15,4 milhões, que serão destinados à preservação dos elefantes, informou nesta sexta-feira (7) a Cites (Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies de Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção), organização filiada à ONU (Organização das Nações Unidas).
A venda de 102 toneladas de marfim, procedentes de depósitos governamentais da Namíbia, Botsuana, Zimbábue e África do Sul, foi realizada por um preço médio de US$ 157 por quilo, indicou a Cites em um comunicado.
O marfim leiloado, retirado de elefantes mortos por causas naturais ou sob controle oficial para evitar a superpopulação nas reservas ambientais, começou a ser vendido no dia 28 de outubro na Namíbia.
O secretário-geral da organização, Willem Wijnstekers, destacou que o leilão não significa que o comércio de marfim foi reaberto, e disse que "as vendas que acabamos de fazer foram excepcionais".
O maior estoque leiloado foi na África do Sul, seguido pelos de Botsuana, Namíbia e Zimbábue. Os leilões foram reservados exclusivamente para compradores chineses e japoneses.
Defensores do meio ambiente criticaram a iniciativa da Cites, por interpretar que "estimulará os caçadores a incrementar seus estoques ilegais".
A organização, no entanto, afirmou que, segundo dados coletados desde as primeiras vendas experimentais, em 1999 --após uma proibição de dez anos--, as vendas legais de marfim não implicaram em um aumento da caça aos elefantes.
O preço médio da venda nos leilões foi muito inferior aos valores supostamente negociados no mercado negro, onde o quilo de marfim seria vendido entre US$ 750 e US$ 850, segundo a Cites.
John Sellar, diretor da Cites encarregado do combate às fraudes, apontou que a venda controlada deve dissuadir aqueles que pensam em recorrer ao mercado negro. "Se você é um comprador envolvido no comércio ilegal de marfim, e na semana que vem paga US$ 400 e até US$ 800 dólares por um quilo de marfim, vão rir de você", disse.
A última venda, realizada em 1999, arrecadou US$ 5 milhões, segundo a Cities, que proíbe o comércio internacional de marfim desde 1989. Pelas regras, Namíbia, Botsuana, Zimbábue e África do Sul não poderão leiloar novos lotes de marfim pelos próximos nove anos. Ao todo, esses quatro países reúnem uma população de 312.000 elefantes.
(France Presse, Folha Online, 07/11/2008)