No próximo domingo (9) está programada a soltura de uma fêmea de Gavião-Real (Harpia harpyja) no município de Barreirinha/AM. A soltura consiste em mais um capítulo de uma história que começou em dezembro de 2007. Mas a história não termina por aqui, o próximo capítulo será o monitoramento do animal, as atividades de educação ambiental da população local e o concurso nas escolas do município, para elegerem um nome indígena para esta ave tão exuberante.
Tudo teve início quando em dezembro de 2007 um morador da comunidade Granja do Rio Andirá, em Barreirinha/AM, encontrou o animal próximos a galhos secos de uma árvore caída às margens do rio Andirá. O comunitário resgatou o animal e o levou para a Secretaria de Meio Ambiente de Barreirinha que a levou para o Escritório do Ibama em Parintins/AM.
O animal estava com graves lesões nas garras o que impossibilitava a soltura imediata, portanto foi encaminhado ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama em Manaus/AM para tratamento. A equipe do Projeto Gavião-Real, coordenado pela pesquisadora Tânia Sanaiotti do INPA também foi contactada para acompanhar e auxiliar nos cuidados com a ave.
O animal permaneceu durante seis meses sob os cuidados e supervisão dos médicos veterinários do Cetas/Ibama/AM que empenharam muitos esforços para que fosse possível a reabilitação do Gavião-Real. As garras estavam severamente lesionadas com infecção nos ossos e articulações. Como era um animal jovem, conseguiram combater a infecção, apesar do tempo decorrido.
Após esse período, e tendo em vista o fim da infecção óssea e sua boa recuperação, a ave foi encaminhada ao Projeto Gavião-Real, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - Inpa, que iniciou o processo de reabilitação para devolver o animal ao seu local de origem, pois a fêmea é jovem e ainda tem uma longa vida reprodutiva para contribuir com sua espécie na natureza. Ela foi mantida em um recinto isolado no Inpa, em uma área que estimulava seu ambiente natural.
Durante quatro meses seu comportamento foi observado, especialmente aqueles relacionados ao vôo e à sua capacidade de capturar presas para alimentação. Na última avaliação, os pesquisadores concluíram que era chegada a hora da soltura, do novo vôo para a liberdade.
O envolvimento de vários atores, comunitários e institucionais, a união de esforços, ações em parcerias e muito trabalho possibilitaram que esta seja uma história bem sucedida de reabilitação animal e que deve ser comemorada, uma vez que experiências como essas são raras no país, ainda mais em se tratando de uma espécie ameaçada de extinção.
(Ibama, Ambiente Brasil, 07/11/2008)