O Carbon Disclosure Project (CDP) acaba de divulgar a versão brasileira de seu novo relatório sobre a posição das empresas em relação às mudanças climáticas. A organização, formada por 385 investidores do mundo inteiro, pede para que algumas das empresas mais importantes de cada país divulguem suas emissões de gases causadores do efeito estufa e suas estratégias para reduzi-las. A iniciativa é um jeito dos investidores – essas pessoas que emprestam dinheiro para as empresas – darem o recado de que estão interessados, sim, em saber se elas estão se tornando mais sustentáveis.
No Brasil, das 75 empresas que receberam a solicitação de informações – escolhidas entre as que tiveram suas ações mais negociadas na Bovespa – 83% responderam. O resultado coloca o Brasil em segundo lugar no ranking de adesões do CDP. Perde apenas para o Reino Unido, onde 90% das empresas atenderam ao pedido de revelar suas emissões. Entre os países emergentes, como Rússia, China e Índia, as empresas brasileiras ganham com vantagem na transparência. Na Rússia, nenhuma quis responder ao pedido do CDP. Na China e na Índia, apenas 15% e 14%, respectivamente.
O novo relatório mostra que as empresas brasileiras têm condições para liderar uma mudança na maneira de produzir – sem poluir tanto o meio ambiente. Isso pode ser uma grande vantagem em um futuro próximo, quando pode ficar mais difícil exportar e comercializar produtos com grande impacto ambiental por causa de exigências governamentais e dos próprios consumidores. Daí, a preocupação dos investidores com a sustentabilidade das empresas.
Entre as brasileiras que responderam ao CDP, 40% afirmaram que já enxergam o possível aparecimento de leis para regular as emissões. E 60% dizem que esperam ser beneficiadas quando os governos instituírem legislações – ou seja, esperam que as leis contemplem o pioneirismo da ação e não exijam tantos cortes nas emissões para elas quanto para as empresas que nunca se preocuparam com o assunto.
Apesar da liderança do Brasil, ainda falta um longo caminho a percorrer para diminuir os impactos da produção sobre o meio ambiente. Cerca de 35% das empresas do país disseram ter planos para reduzir suas emissões. Mas o CDP reconhece que a maior parte não explica de forma clara e profunda suas estratégias.
(Por Marcela Buscato,
Blog do Planeta, 07/11/2008)