Depois de Barack Obama tornar-se presidente, os EUA precisarão trabalhar em conjunto com a Europa na luta contra as mudanças climáticas, afirmou na quinta-feira o ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier. "O mundo precisa de um 'novo acordo verde'", afirmou o ministro no discurso de abertura da conferência de dois dias "Mudanças Climáticas como Ameaça à Segurança".
Steinmeier advertiu que o aquecimento do planeta é um fator de atritos e uma ameaça à paz. A Alemanha há muito tempo destaca-se como um dos maiores críticos da resistência do atual presidente norte-americano, George W. Bush, em diminuir a emissão de gases do efeito estufa.
Obama, presidente eleito dos EUA, disse em seu discurso da vitória, proferido na terça-feira, que as mudanças climáticas seriam uma prioridade máxima, ao lado das guerras no Iraque e no Afeganistão - marcando assim uma mudança radical em relação a Bush.
Em seu pronunciamento, Steinmeier afirmou estar confiante no fato de Obama pretender realmente enfrentar o aquecimento. O ministro, que se encontrou com o futuro dirigente dos EUA em julho, disse que Obama, ao longo da campanha eleitoral, deixou claras suas opiniões a respeito das mudanças climáticas.
"Obama está totalmente ciente da responsabilidade global dos EUA", disse Steinmeier na conferência realizada em Freiburg, um centro de produção de energia com fotocélulas. Freiburg fica localizada em uma região do sudoeste da Alemanha e também é conhecida como a "cidade solar" do país.
"É difícil imaginar um momento melhor para esta conferência - 24 horas depois da eleição nos EUA", afirmou Steinmeier em seu discurso, que teve trechos divulgados pelo Ministério das Relações Exteriores da Alemanha.
"As mudanças climáticas representam um desafio que venceremos coletivamente ou diante do qual fracassaremos coletivamente", disse o ministro, acrescentando que a cooperação EUA-Europa na luta contra o aquecimento é vital para que se encontrem soluções.
A Alemanha é o líder mundial na área de energia renovável e produz mais de metade da energia global vinda de fotocélulas. A União Européia (UE) pretende, até 2020, cortar o volume de suas emissões de carbono para um patamar 20 por cento inferior ao registrado em 1990.
Obama quer, até 2050, que os EUA diminuam suas emissões para 80 por cento abaixo do volume de 1990 - as emissões norte-americanas, no entanto, ficaram em 2006 14 por cento acima das de 1990.
As metas defendidas pelo presidente eleito representam, de toda forma, uma mudança bem-vinda quando comparadas com a postura de Bush, que manteve os EUA isolados de outras 37 potências industriais ao rejeitar o Protocolo de Kyoto, que institui metas compulsórias de emissão.
(Por Erik Kirschbaum, Reuters, 06/11/2008))