Mais de 300 sem-terra invadiram ontem a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. O grupo estava acampado no canteiro central da Avenida Afonso Pena, em frente ao órgão, desde 10h de ontem. Por volta de 8h de hoje, decidiram ocupar o prédio por tempo indeterminado, segundo os líderes. São homens, mulheres e crianças ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri). Eles invadiram com colchões, panelas, alimentos e lona plástica, e aguardam o atendimento, por parte do Incra, a reivindicações contidas em 12 itens, entre eles "dar vida digna às famílias e não apenas servir a uma minoria".
Os sem-terra lamentam "a situação precária" dos assentamentos implementados pelo Incra em Mato Grosso do Sul, "onde faltam água potável, moradia digna, assistência técnica e melhoria das vias de escoamento da produção". Também reclamam da administração do atual superintendente, Flodoaldo Alencar, afirmando em nota que "não foi assentada sequer uma família, enquanto a meta era de assentar 4.360 famílias em 2008".
O documento explica que centenas de famílias foram retiradas dos acampamentos instalados nas margens de rodovias do Mato Grosso do Sul e "jogadas em fazendas transformadas em verdadeiras favelas rurais. São pré-assentamentos, onde milhares de trabalhadores rurais esperam há dois anos o loteamento e a distribuição de lotes por parte do Incra". Ressalta também a "lentidão e descaso do governo federal para com a reforma agrária".
Para Flodoaldo, a manifestação é "agressiva e injusta, porque os sem-terra não estão considerando a série de problemas enfrentados pelo Incra, principalmente na obtenção de terras para a reforma agrária no Estado, além dos períodos de greve dos funcionários, responsáveis pelo significativo atraso nas realizações do órgão. Apesar disso, vamos atendê-los na medida do possível", afirmou.
(Agência Estado,
G1, 05/11/2008)