O Greenpeace anunciou que neste ano não vai perseguir a expedição de caça às baleias promovida pelo Japão no oceano Antártico. A organização vai se concentrar em defender dois de seus ativistas que estão respondendo a processo em Tóquio por participar desse tipo de protesto.
Entretanto isso, a Sea Shepherd, que segue uma linha mais radical, deve mais uma vez empreender uma campanha contra a caça às baleias, abrindo caminho para batalhas no mar, quando a frota do Japão começar sua jornada no fim deste mês.
Ambientalistas e a maior parte dos países ocidentais condenam durante a caça às baleias feita pelo Japão. O país mata centenas de animais por ano, afirmando que a prática tem fins científicos.
No ano passado, cerca de 40 ativistas do Greenpeace participaram da caça a um baleeiro japonês. A intenção dos ecologistas era "demonstrar ao mundo a farsa da caça científica".
Recuo
Mas, neste ano, o Greenpeace decidiu dar prioridade à defesa de dois ativistas, que devem ir a júri no começo do ano que vem, respondendo á acusação de terem roubado uma caixa com carne de baleia em protesto contra a tripulação do baleeiro japonês Nisshin Maru --eles podem pegar dez anos de prisão.
Toru Suzuki e Junichi Sato, um dos porta-vozes mais importantes da ONG no Japão, estão livres sob fiança, depois de serem presos em junho. Eles admitiram ter tomado a caixa com 23,5 kg de carne de baleia salgada de primeira qualidade, avaliada em mais de US$ 3 mil. Mas insistiram que o ato não foi ilegal, já que o "baleeiro também havia roubado a carne".
"Esse processo tem motivação política, então qualquer coisa que fizermos para protestar contra a caça às baleias poderia ser usado contra Junichi e Toru", afirma Takumi Kobayashi, porta-voz da organização. "Nós não achamos que eles devam ir para a cadeia por expor a verdade. Faremos tudo para evitar isso."
O Greenpeace, que por nove vezes enviou navios à região para perseguir baleeiros, negou que esteja se submetendo às pressões. "Quem toma as decisões não é o pescador, mas sim o governo do Japão e a população japonesa, então desta vez vamos concentrar as atividades no Japão", afirma.
A Agência de Pesca do Japão não quis comentar a decisão do Greenpeace, mas informou que a expedição baleeira será realizada como planejado.
Surpresas
Já a organização Sea Shepherd, que acusa o Greenpeace de ser muito conciliatório, prometeu tentar impedir fisicamente a caça. Em janeiro deste ano, dois manifestantes da organização invadiram o convés do baleeiro Yushin Maru e foram detidos por dois dias no local. Durante esse período, o navio japonês foi atacado pelos ambientalistas com bombas de mau cheiro.
Paul Watson, líder da ONG, disse ter sido atingido por um tiro disparado do navio japonês --e salvo por um colete à prova de balas. O governo do Japão disse que seus guardas usaram apenas bombas de efeito moral.
Neste ano, a Sea Shepherd afirma ter "algumas surpresas" para os baleeiros. "Nós queremos ser mais agressivos e ainda mais implacáveis", afirma Peter Hammarstedt, ativista da organização.
(France Presse, Folha Online, 05/11/2008)