O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, lançou na terça-feira (04/11), em Brasília, uma publicação inédita com um amplo conjunto de informações sobre os animais vertebrados e invertebrados que correm o risco de sumir do mapa nos próximos anos.
O Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção tem como base as listas oficiais mais recentes, publicadas pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) em 2003 e 2004. Ao todo são 627 espécies ameaçadas, sendo 160 de aves, 154 de peixes, 130 de invertebrados terrestres, 78 de invertebrados aquáticos, 69 de mamíferos, 16 de anfíbios e 20 de répteis.
“Essa obra, que é inédita com esse nível de detalhamento, é considerada um marco histórico pelos pesquisadores e gestores que trabalham com questões ambientais no Brasil”, disse Lídio Coradin, gerente da área de Recursos Genéticos da Secretaria de Biodiversidade e Florestas do MMA, à Agência FAPESP.
“Ela reúne informações detalhadas e padronizadas sobre cada uma das espécies atualmente reconhecidas como ameaçadas de extinção pelo governo brasileiro”, afirma. “Essa ferramenta será útil para a criação de novos planos de ação e para a expansão dos já existentes, voltados a espécies individuais e também a grupos de espécies afins.”
Dividida em dois volumes, a publicação soma mais de 1,4 mil páginas com detalhes sobre as principais ameaças de cada animal, seja humana ou natural, distribuição geográfica, presença ou não das espécies em unidades de conservação, fotos dos animais e dados de suas estruturas biológicas.
Um dos destaques é a informação sobre as espécies ameaçadas por bioma. A Mata Atlântica aparece em primeiro lugar por ter o maior número de animais correndo o risco de desaparecer: são 269 espécies, distribuídas por quase toda a costa brasileira. Em segundo lugar está o Cerrado, com 65 espécies, seguido pela Amazônia, com 41 espécies ameaçadas.
Segundo Coradin, a base de dados é de livre consulta por profissionais do meio ambiente e tomadores de decisão, entre os quais prefeitos e governadores, visando à implementação das estratégias de recuperação da biodiversidade sugeridas no livro.
“Essas estratégias são consideradas as mais pertinentes pela comunidade científica nacional para cada uma das espécies. A obra traz ainda indicações de especialistas de núcleos de pesquisa e conservação sobre o que deve ser feito para recuperar, conservar e monitorar cada uma das espécies ameaçadas”, conta Coradin.
Além de também influenciar a elaboração de políticas públicas e privadas de ocupação e uso do solo, espera-se que a publicação direcione programas de pesquisa e formação de profissionais especializados em biologia da conservação no país. Os dados são ainda um importante mecanismo de combate ao tráfico das espécies ameaçadas.
A obra também deverá fornecer subsídios às medidas do MMA para a diminuição da próxima lista das espécies ameaçadas que deve ser publicada nos próximos anos. Essas iniciativas vão desde o investimento na infra-estrutura dos parques nacionais e a criação de outros em áreas onde espécies correm maior risco até a contratação de novos fiscais para coibir e combater os crimes ambientais.
O livro foi editado em parceria com a Fundação Biodiversitas, organização não-governamental que desenvolve projetos ambientais voltados às espécies da flora e fauna ameaçadas de extinção. A Conservação Internacional Brasil e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) também contribuíram com o conteúdo.
A obra será distribuída a gestores de parques e unidades de conservação nacionais e representantes de instituições de ensino e pesquisa de todo o país que trabalham com a causa ambiental. A lista completa dos animais e os mapas de distribuição podem ser obtidos no Portal sobre Espécies Ameaçadas de Extinção do MMA.
Mais informações no site do MMA.
(Por Thiago Romero, Agência Fapesp, 06/11/2008)