Os representantes da feira “Lado B”, que dividirá o espaço na Praça do Papa com a Feira do Verde, entre os dias 11 e 16 deste mês, estão negociando com a prefeitura de Vitória a participação na abertura oficial do evento. A programação já está sendo finalizada, com o objetivo de alertar a população capixaba sobre os verdadeiros agressores ambientais do Estado.
Ao todo, serão 15 estandes ocupados por entidades da sociedade civil organizada que vão prestar as informações necessárias aos visitantes que buscam reconhecer os problemas ambientais, assim como as formas de remediá-los.
Quem for à feira do “Lado B” poderá participar de palestras, mesas redondas e debates, assim como ter acesso ao restaurante orgânico, oficinas, apresentações artísticas de teatro, música, poesia, dança, mostra de vídeos ambientais locais, nacionais e internacionais, rádio livre, exposições de experiências com agricultura e alimentação orgânica e as técnicas alternativas (biodigestor, fornos e estufas e energia eólica).
Os debates contarão com representantes da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Fórum Capixaba de Mudanças Climáticas, Projeto Tamar; Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Associação dos Amigos do Piraquê-açu, comunidades indígenas Tupinikim e Guarani e quilombolas, entre outros.
A idéia de realizar a feira do “Lado B” surgiu a partir da insatisfação de ambientalistas, população e estudantes, que condenam a participação, todos os anos, das grandes poluidoras do Estado no evento, que maquiam a degradação que provocam, vendendo uma falsa realidade aos capixabas. São os casos dos estandes da Aracruz Celulose, Samarco Mineração S/A, ArcelorMittal (CST e Belgo) e Vale.
A expectativa dos organizadores é debater a real situação ambiental do Espírito Santo. Entre os temas que serão levantados, estão o “Aquecimento Global – somos todos realmente responsáveis?”, “A situação real da Baía de Vitória”, “A poluição e a morte das tartarugas marinhas”, “A situação real do ar em Vitória e suas conseqüências”, “Meio ambiente e direitos humanos – índios e quilombolas”, “Mata Atlântica x Monocultivos industriais”, além do desmatamento, segurança alimentar e exploração de petróleo.
O intuito é impedir que Feira do Verde continue a confundir a opinião pública. Em seu formato atual, a Feira do Verde, chamada de “Farsa do Verde” em protestos já realizados em edições anteriores, confunde a sociedade, que não consegue distinguir a diferença dos trabalhos das ONGs que participam do evento, com a verdadeira postura das poluidoras.
No ano passado, movimentos sociais realizaram uma mobilização com mais de 250 pessoas na feira, com faixas de protesto, denunciando a incoerência do patrocínio das grandes empresas poluidoras a um evento que deveria se voltar para a educação ambiental, e não fazer propaganda para os principais degradadores do meio ambiente no Estado.
Na época, uma enquete também foi elaborada por este Século Diário, apontando que 62% dos leitores acreditavam que a presença das poluidoras na feira o compromete.
(Por Flavia Bernardes,
Século Diário, 05/11/2008)