Total de espécies animais sob risco passa de 218 para 627, aponta Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção
O número de animais sob risco de extinção triplicou no Brasil desde 1989, passando de 218 para 627, segundo o Ministério de Meio Ambiente. O alerta foi feito ontem com o lançamento do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. O ministro Carlos Minc informou que foram retiradas 79 espécies da lista publicada em 1989, mas outras 479 foram acrescentadas na atual. Entre as espécies excluídas da lista estão o sagüi, a lontra, o lobo-guará e o gavião. Por outro lado, foram incluídos animais como a baleia azul, o tubarão-baleia, a jararaca, o albatroz e uru-do-nordeste.
Minc disse que são inúmeros os fatores que contribuem para o agravamento das possibilidades de extinção, entre eles o desmatamento, as queimadas e até o tráfico de animais e o uso inadequado de produtos químicos no meio ambiente. Ele ressaltou que, para conter o avanço da ameaça, o governo vai atuar em parceria com vários órgãos federais e estaduais e pretende ter o apoio da sociedade civil.
Para o ministro, o fundamental é intensificar as ações de fiscalização e também de orientação às crianças e adolescentes, por intermédio das escolas. Paralelamente a esse trabalho será ampliada a infra-estrutura dos centros de reprodução em cativeiro das espécies em extinção. “A gente tem planos para preservar a ave de rapina, para reprodução em cativeiro e distribuição do “livro vermelho” nas escolas para os pais e alunos saberem (como vivem os animais). Você defende melhor aquilo que você ama e você ama o que se conhece”, disse.
O ministro informou também que, no futuro, será negociado apoio para investimentos da iniciativa privada na tentativa de executar planos de proteção às espécies ameaçadas. “É um esforço muito grande, mas é de todas as esferas. A gente vai querer, mais tarde, que algumas empresas adotem algumas espécies, que ajudem de fato com recursos”, disse Minc.
Livro
O Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção reúne fotografias, nomes científicos e populares de cada espécie e informações detalhadas sobre elas. Cada volume do livro – são dois – tem cerca de 700 páginas. Das espécies ameaçadas, a maioria está na região da Mata Atlântica e no Cerrado.
Há 2,5 mil exemplares do livro lançado hoje, que serão distribuídos para escolas e bibliotecas, além das unidades de conservação do Ibama e Meio Ambiente. De acordo com o ministro Minc, será incentivado que os estados elaborem listas dos animais ameaçados em suas regiões.
A secretária Maria Cecília Brito, de Biodiversidades e Florestas, afirmou que a publicação do livro vai servir para a definição de políticas públicas, como também ações de pesquisa. O ministro lembrou que a publicação foi batizada de “livro vermelho” para funcionar como “sinal de alerta”. “Por um lado é um basta. Em nome do progresso não se pode extinguir várias espécies, isso é incompatível com a vida. É um livro vermelho de alerta e chamamento para a vida”, disse o ministro.
(Gazeta do Povo, 04/11/2008)