A energia nuclear não pode suprir as necessidades energéticas da Europa, mas seus defensores têm feito tudo o que podem para pressionar países a adotarem a tecnologia, mesmo com altos custos e representando uma enorme ameaça para o meio ambiente. A pressão continua esta semana, durante o terceiro fórum de energia nuclear patrocinado pela União Européia que acontece em Bratislava nesta segunda-feira.
Para o diretor do Greenpeace Europa, Jorgo Riss, "é tempo para confrontar a verdade sobre a energia nuclear. Sua contribuição para o futuro das necessidades energéticas da Europa e para combater as perigosas mudanças climáticas é muito pequena, envolve muitos custos - e perigos ainda maiores -, e viria muito tarde. O debate nuclear é uma distração do que deve ser feito hoje no interesse da proteção climática e independência energética européia."
A Agência Internacional de Energia e a Agência de Energia Nuclear estimam que mesmo uma quadruplicação da energia nuclear na Europa até 2050 resultaria em uma mera redução de 4% nas emissões de gases do efeito estufa, do total de 50% a 80% que é necessário globalmente para se evitar os piores efeitos das mudanças climáticas. Essa expansão exigiria investimentos da ordem de 6 trilhões de euros, para a construção de 32 novas usinas nucleares por ano, de hoje até 2050.
A energia nuclear não é só incapaz de contribuir para a solução mas também introduz problemas insolúveis como lixo radioativo e proliferação nuclear.
"Não se pode simplesmente jogar o lixo nuclear para debaixo do tapete por décadas e então ser surpreendido caso países instáveis queiram enriquecer urânio em seu quintal. A opção mais eficiente e realista para enfrentar a questão de segurança energética e as mudanças climáticas é um sistema baseado em energias renováveis e eficiência energética", afirma Jan Haverkamp, da campanha de energia suja do Greenpeace Europa.
O cenário [R]evolução Energética divulgado semana passada pelo Greenpeace, em conjunto com o Conselho Europeu de Energia Renovável mostra que as emissões de carbono podem ser cotadas em até 50% até 2050, com as usinas nucleares existentes hoje sendo desligadas até lá. O fim da geração de energia por usinas nucleares e o desenvolvimento de tecnologias de energias renováveis e programas de eficiência energética daria uma economia de mais de 590 bilhões de euros por ano em custos de combustível para a economia global.
(Greenpeace, 04/11/2008)