Lavouras de fumo inundadas foram perdidas e produtores pedem socorro
Um grupo de fumicultores de Sanga Funda, atingidos na última cheia provocada pelo rio Taquari, iniciou um movimento de mobilização para denunciar o prejuízo de mais de R$ 500 mil assumido pelas famílias da região. Para tanto, um documento abaixo-assinado direcionado à Associação dos Fumicultores do Brasil, às indústrias fumageiras e ao Governo do Estado do Rio Grande do Sul pede a compreensão das entidades diante da fatalidade que destruiu aproximadamente 1,45 milhão de pés de fumo na localidade.
Trinta famílias de agricultores reuniram-se na última semana na propriedade de Ademir da Silva para discutir alternativas e elaborar um plano de ação para evitar que a tragédia se repita nos próximos anos. Em consenso, três medidas foram anunciadas para minimizar os prejuízos que chegam a R$ 750 mil. As medidas integram um documento que solicita à Afubra a isenção da taxa anual do seguro mútuo às famílias que perderam toda a safra e não serão amparadas pela seguridade. Às indústrias fumageiras, o pedido é para o perdão da dívida desta safra, além de novo crédito e orientação agrícola para iniciar uma nova plantação. E ao Governo do Estado os agricultores pedem agilidade na liberação de R$ 800 mil de recursos do Orçamento Participativo de 2002, onde a segunda demanda mais votada no município naquele ano foi a construção de duas pontes secas para ajudar na vazão das águas da chuva e evitar a repetição do drama naquela região.
Em 2007, as famílias lembram que já foram duas enchentes nas mesmas proporções na localidade, nos meses de junho e outubro. No entanto, a situação se arrasta há anos em Sanga Funda e localidades próximas. A cada enchente, a produção dos agricultores que têm na cultura do fumo sua principal fonte de renda é destruída. Telmo Kist, vereador convidado para participar da reunião e liderar o movimento, explica que a construção das duas pontes secas, paralelas à RSC-287, em Sanga Funda, e também na RS-130, na estrada que liga Vila Mariante a Cruzeiro do Sul, resolveria o problema. “A demanda já foi aprovada pela população no Orçamento Participativo em 2002, mas até agora ainda não saiu do papel”, denuncia o vereador.
Kist comenta que os pedidos dos produtores já foram encaminhados à Afubra e às indústrias fumageiras. Da Associação dos Fumicultores se aguarda um posicionamento que acontecerá após reunião da entidade esta semana. De pronto foi informado que não haverá indenização das lavouras sinistradas visto que enchentes não estão contempladas no plano de seguros, porém o custo financeiro destas lavouras perdidas será analisado pela direção. Já junto às fumageiras, o vereador argumenta que encontrou solidariedade aos pleitos formulados, que serão avaliados nos próximos dias e um trabalho de replantio da safra também deve ser iniciado. “Buscamos agora contato com lideranças do Governo do Estado para não permitir que o problema dessas famílias siga sem solução. Nossa proposta é a realização de uma audiência com o Departamento Estadual de Estradas e Rodagens (Daer) para discutir as obras das pontes secas. É inadmissível que os prejuízos se acumulem ano após ano na região e nada seja feito para minimizar essa tragédia”, finaliza o vereador.
(Folha do Mate, 04/11/2008)