Área corresponde a cerca de oito vezes o Parque Nacional da Tijuca.Número se refere aos locais onde a floresta foi totalmente destruída.
O desmatamento atingiu 348 quilômetros quadrados de florestas na Amazônia em setembro, segundo relatório do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). O número representa quase o triplo do registrado no mês anterior, quando foram detectados 102 km², mas uma queda de 69% em relação ao mês de setembro de 2007, quando o desmatamento somou 1.113 km².
A área desmatada em setembro corresponde a cerca de oito vezes o Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro, ou a pouco menos do tamanho da Ilha de Santa Catarina.
Os números se referem apenas aos locais onde houve destruição total da floresta – o chamado “corte raso”. Por isso, são diferentes dos detectados pelo sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que soma também os pontos onde a floresta foi parcialmente destruída. Devido à cobertura de nuvens, 14% da Amazônia legal não pôde ser analisada no estudo da ONG. O instituto também não computou os dados da área maranhense que integra a Amazônia legal.
Segundo o Imazon, o estado onde foi detectado maior desmatamento foi o Pará (58%), seguido por Mato Grosso (22%), Rondônia (10%) e Amazonas (7%). Os outros estados da Amazônia Legal (Acre, Amapá, Roraima e Tocantins) contribuíram com apenas 3% do total.
Os dados do instituto apontam ainda que 87% do desmatamento ocorreu em áreas privadas ou dominadas por posseiros. Assentamentos de reforma agrária foram responsáveis por 6% do desflorestamento, mesma porcentagem da área destruída nos parques e reservas. A devastação dentro de terás indígenas representou apenas 1% do total.
Pecuária e estradas
Um dos locais que mais concentra pontos de desmatamento detectados pelo Imazon é o sudeste do Pará. Segundo Adalberto Veríssimo, um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo, essa região é muito afetada pela abertura de pastos para a criação de gado.
Outro local que preocupa o cientista é o sul do estado do Amazonas, onde começam a se concentrar manchas de destruição da floresta. “O sul do Amazonas tem sido objeto de pressão tanto do lado de Apuí, que vem sendo tomado por grileiros, quanto na região de Lábrea e Humaitá, na BR-319. Só o anúncio do asfaltamento dessa estrada já está causando especulação na região”, revela.
Degradação florestal Pela primeira vez, o Imazon divulgou também um levantamento da área que sofreu degradação florestal, onde a mata foi parcialmente destruída. Foram 345 km², sendo que 43% ocorreu no Mato Grosso; 40% no Pará; 14% em Rondônia; 2% no Amazonas e no Acre foi menor que 1%.
Somados os dados do corte raso com a degradação florestal, a devastação medida pelo Imazon atinge 693 km² em setembro. O número é próximo ao divulgado pelo Inpe para o mesmo período, quando seus satélites detectaram 587 km² de destruição.
(Por Iberê Thenório, Globo Amazônia,
G1, 03/11/2008)