Sobras da atividade siderúrgica poderão ser usadas para produzir concreto asfálticoHá uma longa estrada a ser percorrida até que as fundições possam dar fim ao acúmulo de areia de fundição, o maior resíduo da atividade siderúrgica. Mas as empresas estão esperançosas.
No dia 29 de setembro, o Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) assinou resolução que permite que a chamada areia verde produzida no Estado tenha outros fins, além do único até então permitido – o despejo em aterro industrial. O resíduo é o que sobra depois da quebra dos moldes que dão formato às peças metálicas.
Em SC, a areia agora pode ser usada na produção de concreto asfáltico e de peças não-estruturais de concreto, entre elas as lajotas de calçadas e meio-fio. É um uso limitado, mas que as fundições (nove na região de Joinville) consideram um avanço. A Fatma terá de autorizar as fundições e as empresas compradoras da areia. Até ontem, os técnicos não haviam recebido pedido de licença.
Nos últimos anos, as empresas ficaram impedidas de vender ou doar a areia por falta de uma norma que regularizasse essa comercialização. E, antes disso, o debate sobre se essa areia é tóxica a ponto de impedir novos usos limitou a conversa com os órgãos ambientais. As areias são classificadas como resíduo de classe 2. Ou seja, têm resquícios de metais pesados e substâncias tóxicas, mas não em quantidade suficiente para serem perigosas. Havia uma preocupação de que o contato com o solo contaminasse lençóis de água subterrâneos.
O debate mais recente começou no ano passado, com um pedido de conversa que partiu das empresas, entre elas as nove metalúrgicas de Joinville. O Consema criou um grupo para analisar os estudos. “O que queremos é diminuir o passivo ambiental que é o acúmulo da areia de fundição em aterros. Estudos mostram que, quando a areia é utilizada para formar concreto, as substâncias tóxicas da areia ficam encapsuladas, presas ao asfalto”, explica a bióloga Myrna Murialdo, do Consema.
A resolução do Consema é a primeira porta aberta para reduzir o custo das fundições: o de manter e ampliar aterros industriais próprios, seguindo regras de monitoramento e de segurança, ou de alugar espaço em aterros. Para as empresas, vender ou até mesmo doar a areia é mais vantajoso do que estocá-la. A cada mês, metalúrgicas de Joinville produzem quase 37 mil toneladas de areia.
(Por CAMILLE CARDOSO, A Notícia, 04/11/2008)