Guardas florestais do Parque Nacional de Virunga, na República Democrática do Congo, denunciam que rebeldes tomaram o refúgio dos gorilas da montanha. Desde setembro as tropas circulavam na região. Há uma semana, os guardas desistiram de permanecer no local e deixaram o escritório central do Parque. “Existe ainda muita confusão e desinformação sobre os guardas que estavam em Rumangago há oito dias atrás. Nós ainda não conseguimos localizar todos.
Alguns foram para campos em Coma, outros para no sentido Norte e pra Rutshure Kiwanja”, escreveu hoje Diddy, um dos funcionários de Virunga, no blog do Parque. As tropas rebeldes do general Laurent Nikunda tomaram a região há uma semana em um combate com o exército congolês. A situação dos gorilas e guardas florestais pode ser conferida pelos relatos que são atualizados na página oficial do parque. O diretor de Virunga, o antropólogo Emmanuel de Merode, também está arrecadando fundos pela internet até 25 de novembro. Ele quer usar o dinheiro para ajudar as famílias dos guardas florestais que foram levadas para um campo de refugiados em Goma, no leste do Congo.
No Parque Nacional de Virunga vivem 200 dos últimos 700 exemplares gorilas da montanha do mundo. A espécie é uma das mais ameaçadas do planeta. Mas para infelicidade dos primatas, o local também é um território importante para os rebeldes, pois fica estrategicamente na divisa de Ruanda, Uganda e Congo. Uma das fronteiras mais violentas da África. Foi nessa região que em 1994 aconteceram muitos dos massacres que dizimaram um milhão de africanos.
Uma missão da ONU tenta controlar a situação no Congo desde o cessar fogo dos rebeldes em agosto. Não há informações precisas sobre feridos ou mortos em Virunga. Ninguém mais conseguiu entrar no território dos gorilas. Vinte guardas parques vagam pela região sem comida, ou água, e rodeados por grupos armados. Em uma entrevista ao jornal espanhol Público.es, o diretor do parque declarou: “Neste contexto crítico é muito difícil de pensar na preservação dos gorilas. Mas nós fazemos isso, porque é nossa função, por isso estamos aqui”.
(Blog do Planeta, 03/11/2008)