As autoridades regionais e locais de Tacna decidiram por unanimidade adiar para hoje (4/11) a instalação da reunião de trabalho para tratar sobre a aprovação da lei que modifica o sistema de tributação da atividade mineradora, o cânone mineiro. A reunião vai ocorrer em Lima. A morte de um camponês durante os protestos contra a aprovação da lei pelo Congresso peruano foi confirmada pelos médicos do Hospital de Tacna.
O governo regional de Tacna emitiu um comunicado afirmando que a decisão de adiar a mesa de trabalho foi adotada após uma reunião, realizada terça-feira (2), entre o governador tacnense, Hugo Ordóñez, com os prefeitos, congressistas e representantes da sociedade civil que o acompanharam na capital peruana. O governador reiterou que a comissão tratará exclusivamente do aspecto econômico do sistema de tributação minerador, para evitar prejuízos à economia da região.
Ontem, Ordóñez visitou o necrotério central de Tacna, onde se encontrava o corpo de Gelmer Arpasi Valeriano, que morreu durante os conflitos entre manifestantes e a Polícia Nacional. Segundo os médicos do Hospital de Tacna, a morte do camponês da Comunidade Camponesa de Cairani foi causada por um traumatismo encéfalo-craniano grave produzido no dia 31 de outubro.
A situação em Tacna permaneceu tensa durante todo o fim de semana. Vários helicópteros sobrevoaram a região. As mulheres de Tacna exigem a entrega do corpo de Gelmer para poder velá-lo na Praça central de Tacna. Os moradores hastearam a bandeira do Peru a meio pau. Vários se declararam em greve de fome em frente à catedral da cidade.
No sábado, mais de três mil manifestantes ocuparam a Praça Central de Tacna e a explanada da Catedral, protestando contra a intervenção militar disposta por Decreto. Os participantes solicitam solidariedade da comunidade internacional para evitar que o Estado envie mais tropas armadas à região.
(Adital, 03/11/2008)