A China se comprometeu a eliminar o "comércio sinistro" do acréscimo da substância química melamina às rações animais. Pelo menos um especialista afirmou que a produção das rações falsificadas é um negócio estabelecido em partes do interior rural do país.
O Ministério da Agricultura anunciou a campanha contra o uso ilegal de melamina em rações animais após semanas de recalls de produtos e de publicidade negativa, depois de a substância ser detectada em níveis acima do permitido em ovos originários da China vendidos no próprio país, em Hong Kong e no exterior.
O alarme público levou os preços dos ovos a cair vertiginosamente nos mercados locais. Os criadores abateram milhares de galinhas.
O alarme em torno dos ovos surgiu após um escândalo ainda maior em torno de leite adulterado com melamina, para enganar os controles de qualidade. Quatro crianças morreram e milhares foram hospitalizadas devido ao leite infantil contaminado.
Não foram relatados casos de pessoas que tenham adoecido pela melamina nos ovos, nos quais a substância foi detectada em níveis relativamente baixos.
Numa reunião no sábado, autoridades agrícolas chinesas se defenderam de acusações de inação em relação à melamina, mas prometerem eliminar o uso ilícito da substância no setor alimentício.
Um especialista em rações animais disse a um jornal chinês que acrescentar às rações melamina ou um produto substituto dela, ainda mais barato, é prática comum em alguma áreas.
A melamina é um composto utilizado legalmente na produção de plásticos e fertilizantes. Em função de seu alto teor de nitrogênio, ele pode também ser acrescentado a alimentos para fraudar os testes nutricionais que medem o teor de proteína, que também possui alto teor de nitrogênio.
No ano passado, ingredientes adulterados com melamina, produzidos na China, de rações animais levaram à morte de cães e gatos nos Estados Unidos, e o Ministério da Agricultura chinês anunciou regras proibindo explicitamente a inclusão de melamina nas rações animais.
Desde o problema com as rações nos EUA, os serviços de fiscalização chineses já inspecionaram 250.400 empresas e fazendas ligadas à produção de rações e encontraram melamina em 2,4 por cento das rações para animais e ingredientes de rações testados, segundo relatório do Ministério da Agricultura.
(Estadão Online, AmbienteBrasil, 03/11/2008)