O comando da 2ª Brigada de Cavalaria Mecanizada (2ª BCMec), com sede em Uruguaiana, determinou a abertura de sindicância para apurar a denúncia de que sete cães foram fuzilados em uma área de treinamento do Exército na cidade. A informação é do major Marcelo Lopes Fernandes, oficial de Relações Públicas da 2ª BCMec. Conforme o major, caso a sindicância aponte responsabilidades haverá a imediata instauração de um Inquérito Policial Militar (IPM). O oficial acrescenta que o comandante do 8º Regimento de Cavalaria Mecanizado (8º RCMec), coronel Germano Bordon Júnior, disse desconhecer o episódio. Na última quarta-feira, o promotor de Justiça Cláudio Ari Mello recebeu denúncia de que os animais, que viviam sob a proteção afetiva de soldados do 8º RCMec, foram exterminados.
Inicialmente, os cães teriam sido trancados em um compartimento comparável a uma câmara de gás. Não morreram, mas saíram atordoados pela aspiração do gás de cozinha utilizado. Constatado que haviam sobrevivido, foram levados para uma área de treinamento do Exército, fuzilados na Linha de Tiro e enterrados no mesmo local.
Apenas a cadela Pretinha conseguiu sobreviver aos tiros de fuzis calibre 22. Ferida por três balas, uma delas alojada no pulmão, Pretinha está sob os cuidados da veterinária Cristina Braccini. Há suspeita de que todo o procedimento teria sido ordenado por um oficial superior e executado por um capitão. Depois de o fato ter sido relatado ao representante do Ministério Público Estadual, os corpos dos animais teriam sido transferidos para um terreno de propriedade do Círculo Militar. No ano passado, o clube social dos militares foi condenado a pagar R$ 3 mil por ter permitido a execução de nove caninos por ordem de um coronel.
O Ministério Público Estadual, de acordo com o promotor Cláudio Ari Mello, abrirá inquérito na próxima segunda-feira para investigar a prática de crime ambiental. Na área cível cabe ao Ministério Público Federal apurar o caso. O vice-presidente da Comissão Binacional dos Recursos Naturais Renováveis Paso de los Libres/Uruguaiana, ambientalista Juraci Luques Jacques, afirmou nessa sexta-feira que estava perplexo com a barbaridade praticada contra os animais.
(CP, 01/11/2008)