Mais um mega projeto que vai consolidar a degradação de todo o litoral capixaba está prestes a se consolidar. Uma comitiva da multinacional Ferrous Resources do Brasil esteve em Vitória e confirmou os investimentos para Presidente Kennedy, no sul do Estado. O projeto prevê três usinas de pelotização, um mineroduto e um porto de águas profundas.
As entidades ambientalistas da região, que já calculam os prejuízos com a instalação da Baosteel, em Anchieta, tem agora ainda mais motivos para se preocuparem. E não é só isso: além do Pólo Industrial de Ubu e o mega projeto da Ferrous, há ainda outros projetos reservados para a região. Entre eles, a Unidade de Tratamento de Gás (UTG-Sul) da Petrobras e três novos portos. O governo Paulo Hartung quer ainda um pólo petroquímico, incluindo uma refinaria de petróleo. Anchieta já conta com a poluição da usina da Samarco (Vale), também em Ubu.
A informação entre os ambientalistas que fazem parte do Fórum de Entidades do Sul do Estado é que a população será grandemente impactada pelos projetos industriais que o governo do Estado tem atraído para a região.
Só a unidade da Baosteel terá capacidade de gerar cinco milhões de toneladas anuais, com metas de alcançar até 20 milhões de toneladas. A região já tem três pelotizadoras de minério da Samarco.
A imposição de grandes projetos poluidores de mineração e siderúrgica aos municípios da área costeira pelo governador Paulo Hartung, chegou a ser classificada como uma posição “absolutista”, pela deputada federal Iriny Lopes (PT-ES), no início deste mês.
Em seu site, a deputada divulgou críticas à atração dos projetos poluidores pelo governador Paulo Hartung, ressaltando os imensos danos sociais e ambientais que trarão para o Estado e para os capixabas.
Assinala que “primeiro, foi o anúncio da chinesa Baosteel, produtora de aço. Também no sul do Estado, em Presidente Kennedy, está sendo anunciada a instalação da Ferrous Resources, empresa que reúne investidores ingleses, australianos e americanos para desenvolver em projeto de pelotizadora, incluindo toda a cadeia produtiva do aço”.
Lembra ainda que “empresas rejeitadas em outros estados, como a Baosteel, no Maranhão” que “também teve sua produção limitada na própria China, em função de gastos excedentes de energia elétrica e poluição ambiental, ganham salvo-conduto governamental para devastar não só já maltratado meio ambiente capixaba, onde só restam menos de 7% de mata atlântica, mas submeter sua população aos efeitos nefastos da implantação de tais projetos”.
As usinas que a Ferrous promete construir em Presidente Kennedy custarão cerca de US$ 5,5 bilhões, divididos entre os projetos de beneficiamento, minas, porto e mineroduto. A expectativa da empresa é que as obras tenham início no primeiro semestre de 2010 e que tudo esteja concluído em 2012, para que as operações comecem.
Como de costume, a produção que se utilizará dos recursos capixabas será voltada para o mercado externo, com destino à Ásia, China e Europa, restando ao Estado apenas os danos ambientais e sociais causados por estas empresas.
(Por Flavia Bernardes,
Século Diário, 31/10/2008)