Complexo urbano em área na Zona Sul divide vereadores ONGs e moradores da regiãoPela quarta vez em menos de 60 dias, foi suspensa ontem a votação do projeto que abre caminho para a construção de prédios residenciais na área do antigo Estaleiro Só, entre a Avenida Padre Cacique e o Guaíba, no bairro Cristal, na Capital.
A decisão de cancelar a votação marcada para o dia 12 de novembro foi anunciada após um novo mandado de segurança ter sido impetrado na Justiça. A ação, do vereador Beto Moesch (PP), pede que o Poder Judiciário impeça a apreciação da matéria que viabiliza o Pontal do Estaleiro pela Câmara. Segundo o presidente da Casa, Sebastião Melo (PMDB), não há uma nova data para debater o tema.
– Até que saia uma nova decisão da Justiça, não estabeleceremos uma data para a votação – disse Melo.
A proposta divide vereadores e moradores da região. O projeto da BM PAR Empreendimentos, em conjunto com a Debiagi Arquitetos e Urbanistas, prevê a construção de um complexo de edifícios residenciais e comerciais, flats e uma marina. As diretrizes foram previamente aprovadas pela Comissão de Análise Urbanística e Gerenciamento (Cauge) da prefeitura.
A área de 60 mil metros quadrados foi adquirida em leilão em 2005, e o projeto depende de aprovação do Legislativo, pois a legislação atual não permite a construção de imóveis residenciais na região. Desde abril, transita na Câmara uma proposta que altera o regime urbanístico dessa área.
– Creio que faltam análises técnicas para dizer se o projeto pode ser assim ou não – avalia Moesch.
As entidades favoráveis à construção acreditam que o Pontal promoverá o desenvolvimento sustentável da orla e permitirá que a população possa desfrutar de uma área que, hoje, está fechada para circulação e degradada.
– O projeto devolverá 700 metros da orla à cidade, uma área que está abandonada há décadas. Todos vão ganhar com isso – afirma Gilberto Simon, um dos diretores da ONG Move-POA.
(Zero Hora, 31/10/2008)