O próximo presidente dos EUA terá a espinhosa missão de lidar - pela primeira vez de forma concreta - com um assunto estrategicamente deixado de lado pelo governo americano desde que começou a ser debatido com seriedade no cenário político internacional: o aquecimento do planeta e as medidas a serem adotadas para reduzir seus efeitos. De acordo com a repórter do Globo Roberta Jansen, o desafio é conciliar a economia baseada na queima de combustível fóssil com o futuro ambiental do planeta. Mais difícil ainda, em meio a uma crise financeira mundial.
Bill Clinton assinou o Protocolo de Kioto no fim do seu governo, mas deixou o pepino de ratificar o acordo internacional de redução de emissões de gases-estufa para seu sucessor, George W. Bush. A nação mais poluidora do mundo se recusou a ratificar o tratado. Mas as pressões para uma tomada de posição aumentaram nos últimos anos - com pilhas de estudos apontando, cada vez mais de forma inequívoca, os efeitos nocivos da postura de inação. A Europa tomou a liderança no debate e assumiu compromissos ambiciosos de redução.
Dificilmente, o próximo presidente conseguirá se eximir, sobretudo porque a questão climática hoje perpassa itens cruciais da agenda governamental para os próximos anos, como o preço do petróleo, a segurança energética e a energia nuclear.
Temperatura no Alasca já aumentou 4 graus
Ninguém, inclusive Sarah Palin , questiona que o clima do Alasca está mudando mais rapidamente do que o de outros estados. Mas seu ceticismo sobre as causas e sobre o que deve ser feito para cuidar de suas conseqüências se opõem radicalmente à visão de seu companheiro de chapa, John McCain.
Apesar de ter criado um subgabinete para lidar com as mudanças climáticas, o órgão ficou encarregado de descobrir formas de adaptação ao aquecimento global, em vez de como combatê-lo. Sarah questiona publicamente cientistas sobre a tese de que o homem é o maior responsável pelo aquecimento do planeta. Ela também critica o governo por incluir ursos polares na lista de animais ameaçados de extinção por causa do derretimento das geleiras.
Durante a campanha, McCain defendeu que o homem está comandando o aquecimento global e disse que seus esforços para capturar gases causadores do efeito estufa são uma prova de sua habilidade para lidar com os democratas.
Mas ao escolher Sarah e elegê-la responsável pelas questões energéticas, caso eleito, McCain terá uma parceira resistente a esse princípio de sua candidatura.
(O Globo, 30/10/2008)