O Guaíba subiu 12 centímetros entre o final da tarde de terça-feira e a manhã de ontem, alcançando 1,78 metro nas ilhas de Porto Alegre, mas depois começou a se estabilizar. Às 17h, o nível da régua na Ilha da Pintada marcava 1,74 metro. A Defesa Civil mantinha atenção, pois a marca de alerta de inundação é de 1,85 metro. 'Desde terça-feira, o nível das águas do Guaíba aumentava em média 1,5 centímetro por hora', afirmou o coordenador adjunto da Defesa Civil de Porto Alegre (Codec), Paulo Marques, que de manhã monitorava a situação na Ilha Grande dos Marinheiros. Até o final da tarde, segundo a Codec, foram alojadas 40 pessoas, das quais 17 na Ilha das Flores.
A Defesa Civil acionou o Dmae, que começou a distribuir água potável para os moradores do Braço Norte da Ilha dos Marinheiros, cujo o único acesso, a rua Nossa Senhora Aparecida, estava coberta pela água, isolando moradores. 'Para sair, só de caminhão e ou de barco', afirmou o caminhoneiro Francisco Luiz Barth, 55 anos, que deixou o filho e a mulher cuidando da casa.
A aposentada Anisia, 76 anos, ficou ilhada. 'Tem água nos fundos e na faixa, não dá nem para sair para comprar pão', afirmou a idosa moradora do local há 30 anos, observando a água da varanda, faltando 30 centímetros para invadir a residência. Cássia, 27 anos, enfrentou a água pelo joelho para sair de casa com toda a família, no Beco 18 da Ilha dos Marinheiros, para buscar abrigo. 'A água já cobriu o piso da casa e os ratos invadiram', contou ela.
Outro ponto crítico era o Sul da Ilha do Pavão, onde 12 famílias estavam 'presas' dentro de casa. 'Elas não querem sair com medo de saques', afirmou o coordenador do Car-Ilhas, Ivo Schmitt.
(Correio do Povo, 30/10/2008)