Além dos governantes, os efeitos da crise financeira mundial preocupam também os especialistas em mudanças climáticas. De passagem pelo Brasil, o pesquisador Martin Parry, um dos coordenadores do 4º Relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), alertou que os países não podem interromper as ações para reduzir o impacto das mudanças climáticas para pensas apenas em resolver a crise financeira .
“Não temos oportunidade de resolver, primeiro, a crise e depois voltar a pensar sobre o meio ambiente. Não temos tempo. Temos que fazer os dois juntos. Isso é inconveniente”, disse Parry, após apresentar dados do quarto relatório do IPCC, das Nações Unidas, a um grupo integrante do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), no Palácio do Planalto. O relatório foi lançado no início do ano passado.
Parry criticou os governantes mundiais por ainda não terem adotado medidas severas para reduzir as emissões dos gases do efeito estufa – como o gás carbônico -, principais causadores do aquecimento global. Segundo o pesquisador, os líderes ainda não se deram conta da gravidade dos impactos das mudanças climáticas. Ele defende que 2015 é o prazo máximo para as reduções de gás carbônico começarem a cair.
O pesquisador Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), também teme que os governos deixem de lado o combate ao aquecimento do planeta para cuidar da crise econômica.
“Se houver uma recessão e o consumo de petróleo, energia elétrica, carvão diminuir, a taxa de crescimento diminuir, isso pode dar uma falsa sensação de que é possível postergar essas medidas mais drásticas”, afirmou.
(Agência Brasil, 29/10/2008)