Um ano e quatro meses se passaram da assinatura do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre a Vale e o Ministério Público Estadual (MPE), e até agora a tela Wind Fencer, que deveria funcionar como uma barreira ao pó de minério, não foi instalada. A previsão é que isso ocorra somente em setembro de 2009, com a primeira das cinco telas prometidas.
O equipamento tem o objetivo de conter as partículas de minério que há anos são lançadas na atmosfera, atingindo não só as casas dos capixabas como os pulmões. A reivindicação é antiga e durante toda a discussão para a assinatura do TAC, foi tratada como prioridade pelos moradores da Grande Vitória e pelo próprio MPE.
Entretanto, as únicas reivindicações atendidas até o momento dizem respeito aos precipitadores eletrostáticos, cobrados desde 1999 por ambientalistas. Tratam-se de uma grande caixa de aço, dotada de placas metálicas e eletrodos que, submetidos à alta voltagem, produzem um campo eletrostático que permite a atração e retenção de partículas ionizadas.
Além disso, a empresa divulgou ao MPE que está utilizando o supressor de pó nos pátios de pelotas para impedir a dispersão das pelotas de minério, e aplicando polímero nos pátios de minério e carvão, com o objetivo de formar uma película em volta dos montes, iniciativas que também são cobradas há anos.
Os ambientalistas não souberam informar o porquê a primeira grade de proteção só será instalada no próximo ano. As restantes, apenas em 2010. Reclamam que esses investimentos já deveriam ter sido feitos, até porque, a Vale anunciou esta semana que mesmo com a crise, não irá parar a as obras de sua 8ª usina no Estado. Ressaltam, ainda, que a obra, que vai poluir ainda mais o ar da Grande Vitória, estão “a todo vapor”, enquanto as reivindicações caminham lentamente.
O TAC foi proposto à Vale e ao MPE por seis associações de moradores de Vitória, como uma condição para o licenciamento ambiental do seu projeto de expansão. Grande parte das reivindicações, inclusive, constava em um TAC assinado em 1999 pela empresa, mas que nunca foi cumprido.
A luta para impedir que a empresa receba autorização para aumentar sua produção, sem nem ao menos ter cumprido determinações passadas, é antiga. A poeira, que já é considerada excessiva por ambientalistas, causa gripe, asma, bronquite, rinite, entre outras infecções, sem providências do poder público. Além disso, alguns poluentes são altamente cancerígenos.
O incômodo pó preto impede ainda que moradores de vários bairros da Grande Vitória façam gestos do cotidiano, como abrir as janelas de suas próprias casas.
(Por Flavia Bernardes,
Século Diário, 29/10/2008)