Mesmo com a visita do secretário de Estado do Meio Ambiente, Xico Graziano, ontem (28) à Usina São Francisco, de Sertãozinho, diretores da empresa esquivaram-se de assinar o protocolo agroambiental proposto ao setor, que exige principalmente a eliminação da queima da palha da cana-de-açúcar.
Ontem, a direção do grupo Balbo, que também controla a Usina Santo Antônio, entregou ao secretário uma carta de intenção de adesão ao protocolo, em que se compromete a estudar o seu conteúdo --se houver concordância, as duas usinas vão assinar o protocolo.
Assinado com a Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar), entidade que representa os usineiros, em junho do ano passado, o protocolo agroambiental obteve depois, gradativamente, a adesão de cada usina. Atualmente, 152 já assinaram o documento.
O protocolo prevê, além da redução e eliminação da queima, que a usina se esforce para recuperar a mata ciliar, faça o reuso da água, proteja as nascentes de rios e restrinja a utilização de agrotóxicos. Tanto a São Francisco quanto a Santo Antônio, entretanto, já não praticam a queima, pois têm 100% da colheita mecanizada.
Segundo o diretor agrícola da usina São Francisco, Leontino Balbo Júnior, a usina não vê necessidade em assinar o documento porque já segue "muitas das práticas ambientais".
Para o usineiro, há pontos no protocolo que podem ter impedimento legal. "Você se responsabilizar por questões ambientais, coisas que acontecem na área do produtor. A indústria não pode se vestir da autoridade de ir à fazenda do produtor dar uma de polícia, tomar conta da mata ciliar", disse.
Para Graziano, a carta de intenção assinada pelo grupo pode ser entendida como uma adesão ao protocolo. "Em certo sentido, elas já cumprem aquilo que é fundamental", disse. Além da Unica e das indústrias, o governo assinou protocolos com associações de produtores de cana.
(Por JULIANA COISSI, Folha Ribeirão
, Folha Online, 28/10/2008)