Mergulhadores do Greenpeace acorrentaram quatro embarcações no porto de Aveiro, em Portugal, em protesto contra a pesca ilegal. Os barcos têm um longo histórico de participação em pesca pirata e o Greenpeace exige das autoridades portuguesas um maior controle sobre eles.
Faixas amarelas com os dizeres "Tirem esses piratas dos mares" foram afixadas nos cascos dos navios. As chaves dos cadeados que prenderam os barcos Red, Caribe, Brites e Aveirense, foram entregues às autoridades do porto de Aveiro. As embarcações são propriedade do grupo Silva Vieira e já cometeram diversas irregularidades, entre elas não respeitar a cota legal de pesca, pescar sem bandeira que identifique o país responsável e o uso de múltiplas identidades.
A ação desta terça-feira aconteceu poucas semanas depois do GReenpeace lançar sua lista negra com barcos e empresas envolvidas em pesca pirata. Todos os quatr barcos acorrentados nesta terça-feira estão incluídos na lista.
O barco Red, também conhecido como Joana, Kabou ou Lootus, está oficialmente banido pela Comissão de Pesca do Nordeste do Atlântico (NEAFC, na sigla em inglês) e também pela União Européia. Portugal participa da NEAFC e assim sendo não poderia ajudar a embarcação a aportar em Aveiro, muito menos oferecer serviços a ela.
"É vergonhoso que barcos piratas continuem recebendo serviços em portos europeus e continuem a pescar ilegalmente", afirma Farah Obaidullah, da campanha de Oceanos do Greenpeace.
"O fato de uma embarcação dessa ter recebido permissão para aportar demonstra a falta de vontade política das autoridades portuguesas para combater a pesca pirata."
O Greenpeace exige que os governos confirmem seu compromisso de combater a pesca ilegal, assegurando que esse tipo de embarcação não mais seja autorizada a pescar.
"A única forma para efetivamente acabar com a pesca pirata é melhorar a coordenação internacional e a troca de informação para garantir uma maior transparência na indústria da pesca", afirma Obaidullah. "O ponto-chave disso é o estabelecimento de um cadastro online internacional de barcos de pesca que inclua uma lista negra dos barcos e empresas envolvidas em práticas ilegais. Listas regionais são limitadas e não permitem uma ação global para enfrentar a pesca pirata."
Os países têm que monitorar de perto as embarcações de pesca que entram em seus portos, para poder bloquear o fluxo de caixa que sustenta operadores inescrupulosos. Além disso, medidas fortes de mercado têm que ser tomadas para rejeitar os peixes capturados de forma ilegal. Comerciantes, mercados e peixarias têm que contribuir, não comprando esse peixe.
Os governos têm que trabalhar em conjunto para resolver o problema da pesca pirata e estabelecer uma rede mundial de reservas marinhas para restaurar os estoques pesqueiros de todo o planeta. O Greenpeace advoga pela criação de uma rede de reservas marinhas que proteja 40% dos oceanos do mundo - com pesca regulada e sustentável nas demais áreas - como a solução de longo prazo para a sobrepesca e a recuperação da vida marinha de nossos oceanos.
(Greenpeace, 28/10/2008)