Dois produtos da Bayer que conjugam a aspirina com suplementos alimentares não têm eficácia comprovada e estão sendo vendidos ilegalmente, alertaram autoridades dos EUA na terça-feira. A Administração de Alimentos e Drogas (FDA) disse também que as aspirinas "com Vantagem Cardíaca" e "Baixa Dosagem para Mulheres Aspirina + Cálcio" induzem os consumidores ao erro.
"Não são produtos aprovados pela FDA," disse Rita Chapelle, porta-voz da agência. "Estão vendendo produtos que são ilegais." As autoridades disseram que a Bayer pode ser processada se não "agir prontamente", mas o laboratório disse em nota ter o direito de comercializar os produtos e manter "todas as afirmações de marketing feitas em seu apoio".
A empresa acrescentou que toda a publicidade desses produtos orienta os consumidores a consultarem um médico, e que no caso da "Aspirina com Vantagem Cardíaca" há um alerta de que o medicamento não substitui remédios contra o colesterol.
Mas a FDA disse, em carta enviada na segunda-feira ao laboratório, que tanto a aspirina "Vantagem Cardíaca" quanto a "Para Mulheres" (supostamente para prevenção à osteoporose) "passam uma mensagem dúbia sobre o propósito do produto e a duração pela qual pode ser usado com segurança."
Se em 15 dias a Bayer não recolher os produtos ou realizar testes que permitam sua aprovação, a FDA pode apreender as aspirinas. A estratégia de comercialização da aspirina "Vantagem Cardíaca" já está sendo investigada por uma comissão da Câmara dos Deputados.
Ao contrário de medicamentos, suplementos (como vitaminas e ervas) não precisam de comprovação quanto a eficácia e segurança para serem vendidos nos EUA. Mas acrescentá-los a drogas já aprovadas cria produtos totalmente novos, que precisam ser submetidos à FDA, de acordo com a agência.
A Associação Americana de Produtos Herbais, que representa produtores de suplementos, tem pedido orientação da FDA sobre a comercialização de produtos que combinam medicamentos e suplementos, mas criticou a ação da agência.
"A FDA poderia ter desenvolvido uma política racionalizada e científica para controlar a introdução de produtos de promoção da saúde, ao invés de proibir todos os produtos em combinação", disse Michael McGuffin, presidente do grupo. Após o alerta da FDA, as ações da Bayer reduziram sua alta e fecharam com valorização de cerca de 1 por cento na Bolsa alemã.
(Por SUSAN HEAVEY, REUTERS, Estadão, 29/10/2008)