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tubarões conservação da biodiversidade
2008-10-29

Uma metodologia para identificação das espécies de tubarões exploradas pela pesca no Brasil foi desenvolvida no Laboratório de Biologia e Genética de Peixes da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu, pelo biólogo Fernando Fernandes Mendonça.

O método de reconhecimento, que utiliza as características genéticas dos animais e pode contribuir para a preservação das espécies capturadas na costa brasileira, conquistou o Prêmio Silvio Almeida de Toledo Filho, na categoria Conservação e Evolução Animal, entregue no fim de setembro durante o 54º Congresso Brasileiro de Genética, em Salvador (BA).

Segundo Mendonça, o método, que identifica a espécie a partir de um pequeno fragmento de sangue ou do tecido dos animais, foi desenvolvido tendo em vista a crescente demanda pela carne e pelas nadadeiras dos tubarões, o declínio de suas populações e os problemas relacionados à sua conservação.

“Até o momento, a metodologia possibilita a identificação de 12 das 25 espécies de tubarões exploradas no Brasil. Em breve, deveremos alcançar a totalidade das espécies comercializadas”, disse à Agência Fapesp.

O trabalho, que teve apoio da Fapesp por meio de uma bolsa de doutorado, foi orientado pelo professor Fausto Foresti, do Instituto de Biociências da Unesp. No método empregado, chamado PCR-multiplex, o pesquisador utiliza como ponto de partida as características genéticas exclusivas de cada espécie.

“Utilizamos um gene extremamente conservado entre todas as espécies, o que possibilita a aplicação da metodologia mesmo em populações com alta variabilidade genética. Com a metodologia, diversas espécies de tubarões podem ser identificadas sem a necessidade de observação de caracteres morfológicos, utilizando práticas laboratoriais simples, de baixo custo e viabilizando a fiscalização de espécies capturadas”, afirmou.

As amostras de tubarões, explica Mendonça, podem ser coletadas nos desembarques e nos mercados exclusivos de pesca de diversas regiões do país. “Pode ser utilizado qualquer tipo de tecido que contenha DNA, como sangue, músculos, cartilagem e pele”, disse.

Como no Brasil a pesca de tubarões ocorre em praticamente todo o litoral, o pesquisador e seus colaboradores colheram amostras em cidades onde os desembarques do animal são mais freqüentes, como Salvador (BA), Macaé (RJ), Ubatuba e Santos (SP), Itajaí (SC) e Passo de Torres (RS).

“Retiramos pequenos pedaços de tecido dos músculos ou das nadadeiras, que foram acondicionados em tubos individuais contendo etanol. O material foi levado ao laboratório, onde foi processada a extração e purificação do DNA”, explicou.

Em seguida foi aplicada a metodologia de PCR-multiplex para gerar os fragmentos de DNA para diagnósticos de cada espécie. “Em cerca de seis horas todo o processo é realizado e obtemos a identificação da espécie à qual a amostra pertence”, disse.

Exploração sustentável

De acordo com o pesquisador, cada espécie de tubarão responde de forma independente às pressões exercidas pelo ambiente e também pela ação do homem, o que torna de fundamental importância, para o desenvolvimento de planos de recuperação das suas populações, a identificação das espécies mais capturadas, em que regiões elas ocorrem com maior freqüência e quais apresentam maior risco de desaparecer.

“Atualmente, os tubarões estão classificados entre os organismos mais ameaçados de extinção em todo o mundo, mas pouco tem sido feito para conter sua exploração pela pesca industrial e artesanal. Os estoques de tubarões da costa brasileira vêm sofrendo baixas acentuadas em suas populações, já sendo observado um declínio de cerca de 97% em algumas regiões”, disse Mendonça.

Segundo ele, é exatamente nos dados de captura por espécie que se observa um dos maiores entraves para a preservação dos tubarões no Brasil. De acordo com estatísticas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), apenas 22% dos tubarões capturados no Brasil recebem algum tipo de identificação.

“Mesmo assim eles são relacionados apenas pelo seu nome popular, que em muitos casos refere-se a mais de uma espécie. Todo o restante é classificado apenas como tubarão ou cação”, conta.

Calcula-se a existência, no Brasil, de cerca de 90 espécies de tubarões, sendo 25 exploradas pela pesca. Mendonça explica, no entanto, que os dados que quantificam as populações e caracterizam se uma espécie está em risco de extinção são extremamente escassos. “Alguns estudos científicos apontam para o desaparecimento de espécies em algumas regiões de nossa costa”, apontou.

Segundo ele, um exemplo é o tubarão-mangona, que era abundante em toda a costa brasileira e hoje é raro nas regiões Sul e Sudeste. “O tubarão-baleia, que tem maior distribuição no Nordeste, também vem desaparecendo. Estão em risco ainda o cação-anjo, o cação-viola, o tubarão-martelo e o tubarão-mako”, disse.

Ainda de acordo com os dados do Ibama são capturados cerca de 15 mil toneladas de tubarão por ano. No Brasil a pesca é realizada em toda a costa, de forma artesanal e principalmente industrial, essa última com desembarques de até mil animais por viagem (em média 30 dias no mar), dependendo do porte da embarcação e da região de pesca.

Para Mendonça, os dados gerados pela aplicação da metodologia são importantes para o desenvolvimento de planos de conservação, mas também podem ser aplicados comercialmente como metodologia de certificação da carne e principalmente das nadadeiras.

“O comércio de nadadeiras é legalizado, extremamente lucrativo e tem seu preço determinado também pela espécie à qual a nadadeira pertence. Atualmente, a identificação é feita de forma empírica, apenas pelo aspecto do produto”, explica.

No mercado asiático, conta Mendonça, as nadadeiras chegam a custar até US$ 400 o quilo, muitas vezes sem que se saiba a quais espécies elas pertencem. “Dados de captura e comercialização por espécies são extremamente escassos e essa nova metodologia poderá ser utilizada para o desenvolvimento de estatísticas mais representativas sobre as espécies de tubarões brasileiros e sua exploração”, disse.  

(Por Thiago Romero, Agência Fapesp, 29/10/2008)


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