Praia da Ribanceira, em Imbituba, é o palco onde apareceram 22 mamíferos desde o fim de semanaO vento sul fez do mar uma colcha rendada. Sobre ele, as mães e filhotes animavam o berçário. O cenário é a Praia da Ribanceira, em Imbituba, onde só se chega por trilha em alguns pontos, desde que acompanhado e com autorização dos proprietários das terras. As protagonistas do espetáculo, ontem, foram as baleias-francas, que ainda não voltaram para as águas geladas da Antártida.
O lugar serve de abrigo nos primeiros meses de vida destes seres ancestrais que, já bebês, pesam em torno de três toneladas e medem até cinco metros. Nem por isso deixam de provocar encantamento.
Nossa equipe chegou ao local através do biólogo Luiz Augusto Farnettani, o Guto, paulista de 41 anos, que deixou São Paulo e se empenha na luta pela preservação do berçário. Antes de mudar-se para o Sul do Estado, Guto esteve, por quase 20 anos, envolvido com projetos da Baleia Jubarte, na Bahia. Especializou-se em Biologia Marinha e, de longe, conhece o comportamento dos animais. Verrugas e manchas são usados para a contagem e identificação.
Guto disse que, desde o fim de semana, 22 baleias estão na região. Ontem, ao observar a exibição dos mamíferos (com sorte pode-se vê-los mamando), Guto voltou a sugerir que o local seja fechado entre os fins dos meses de junho e de novembro:
- Esse é o período em que elas chegam em busca de águas mais quentes, onde acasalam, procriam e amamentam. Fechar significa impedir o acesso de barcos, da prática de esportes náuticos e colocação de redes - explicou.
Turismo com embarcações estressa mais os animais
O biólogo é contrário ao turismo de observação de baleias com embarcação, por entender que a prática estressa os animais e atrapalha a amamentação. Ele prefere levar as pessoas por uma trilha do que oferecer riscos às baleias. Contatos pelo telefone (48) 8415-7418.
Guto explicou que só 3% da população original de baleias existe no mundo, motivo suficiente para ver a espécie preservada e considerada um dos grandes patrimônios vivos.
Neste período, na área do berçário, as mães saem com seus filhotes para acostumá-los a nadar. No fim de novembro, terão pela frente 9 mil quilômetros na volta para casa.
(Por NGELA BASTOS,
Diário Catarinense,28/10/2008)