O Greenpeace sugeriu hoje aumentar os impostos sobre a produção e o consumo de carvão como medida para reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2) da China, assim como a poluição da água, a destruição do ecossistema e as mortes. Segundo a organização, o aumento dos impostos elevaria o preço do combustível e reduziria ligeiramente a produção industrial, assim como o Produto Interno Bruto (PIB).
"Mas os custos sociais diminuiriam e, além disso, as pessoas viveriam melhor", afirmou o Greenpeace no relatório "O verdadeiro custo do carvão na China" apresentado hoje. No estudo, pesquisadores dos institutos "Unirule" e "Energy Foundation" concluem que o país paga um alto preço pelo carvão, "uma conta que chegou em 2007 a 7,1% do PIB".
"Por cada tonelada de carvão consumida na China em 2007, foram pagos 15 euros em danos ao meio ambiente, sem contar o custo da mudança climática", destacou o estudo feito por Mao Yushi, Sheng Hong e Yang Fuqioang. Como 70% da energia consumida na China vem do carvão, os pesquisadores pediram ao Governo chinês que mude o sistema de custos "tanto a parte privada, que deveria determinar o mercado, e o social, pago pela população", disse Mao.
"Na China, não está muito claro que o custo da produção se estabeleça pelo mercado, pois, por exemplo, em geral os produtores não pagam renda pela terra onde exploram livremente as minas e os mineradores não são pagos o suficiente. O maior custo é a poluição e é social", insistiu.
"O meio ambiente e os danos sociais são subestimados no sistema chinês principalmente pela fraqueza do mercado e das regulações governamentais. É preciso levar em conta os chamados custos externos para que o preço do carvão os reflita e seja verdadeiro", destacou o relatório.
Segundo os analistas, um aumento de 23% no preço do carvão não prejudicaria muito o crescimento econômico chinês, mas aumentaria a riqueza social do país em mais de US$ 90 bilhões.
"Reconhecer o verdadeiro preço do carvão incentivará o desenvolvimento de energias limpas e sustentáveis", disse Yang Ailun, responsável pela campanha do Greenpeace na China. "O Governo deveria fazê-lo para melhorar a eficiência e a implantação das energias renováveis e mostrar liderança na luta contra a mudança climática", acrescentou.
(Yahoo!, AmbienteBrasil, 28/10/2008)