O encontro previsto para este domingo (26) entre a Minga Nacional de Resistência Indígena e Popular e o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, não foi concretizado. Cerca de 40 mil indígenas esperaram Uribe no Centro Administrativo Municipal da cidade de Cali, capital do Valle del Cauca. Alegando razões de segurança, Uribe não foi ao encontro dos indígenas, que há cinco dias realizavam uma marcha desde La Maria, no departamento Piendamó.
Durante o trajeto, os manifestantes foram reprimidos pela Polícia Nacional, o que provocou a morte de três pessoas. No Centro Administrativo, o governador do Valle Del Cauca, Juan Carlos Abadia, fez duas propostas aos indígenas. Uma delas era escutar por telefone uma mensagem de Uribe e a outra era realizar a reunião na rede de televisão Telepacífico com uma comissão da Minga, o que seria transmitido em um telão.
Os indígenas se negaram a aceitar qualquer das propostas e enfatizaram que a reunião deveria se realizar cara a cara com o presidente. Com a frase "a cadeira do presidente está vazia", os indígenas voltaram à Universidade do Valle e propuseram um encontro hoje no estádio Pascual Guerrero, porém o presidente afirmou que já tinha compromissos programados e ofereceu a data do próximo domingo em Popayán.
"Com grande tristeza, mas com grande dignidade os indígenas congregados na cidade de Cali na Minga de Resistência Pacífica, consideraram como uma ‘vergonha’ o fato que o presidente Uribe não desse a cara para debater com os povos que buscam a paz e melhores condições de vida para suas comunidades", afirma o comunicado da Organização Nacional Indígena da Colômbia (Onic).
Segundo a Onic, o interesse do presidente não existiu de verdade e também não há interesse em resolver a crise humanitária que os povos indígenas enfrentam. Nesta semana, a Assembléia Indígena vai decidir se vai reunir-se com Uribe em Popayán ou se continua sua marcha em direção à capital do país.
No domingo, Uribe, em uma coletiva de imprensa, falou sobre a libertação do congressista Oscar Lizcano, que estava há oito anos como refém das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). A Minga celebrou a libertação de Lizcano, porém considerou que o fato não justifica a ausência do presidente no encontro com os indígenas.
(Adital, 27/10/2008)