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política ambiental dos eua
2008-10-28

O presidente do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC) das Nações Unidas, Rajendra Pachauri, expressou, recentemente, o desejo de que o candidato democrata à Casa Branca, Barack Obama, ganhe no próximo mês as eleições presidenciais nos Estados Unidos. «Obama terá a coragem de dirigir o seu país para a protecção do ambiente», justificou.
 
Mesmo que o seu desejo se concretize, não deverá ser na próxima Conferência da ONU sobre alterações climáticas - em Poznan (Polónia) de 1 a 12 de Dezembro – que os Estados Unidos lançarão uma nova política para o clima. No entanto, o Prémio Nobel da Paz de 2007 acredita de que nesta reunião poderão ser alicerçados os princípios para que o país assine um acordo ambiental global na conferência seguinte, a realizar em Copenhaga, no final de 2009.

Já se sabe que sem os EUA dificilmente se conseguirá combater as alterações climáticas e arrastar para esta batalha outros países, cruciais, como a Rússia, Índia e China. Por isso, e não só pelo futuro dos conflitos armados em curso, o mundo está de olhos postos naquele que deverá ser o mais mediático evento de 2008. Estas questões requerem sobretudo uma presença forte e uma vontade férrea de mudar a actual conjuntura contra lobbies e interesses vários, além de cumprir as medidas enunciadas em cada um dos programas eleitorais. Se considerarmos que o conselheiro principal de Obama para a energia é Jason Grumet, director executivo da comissão nacional na política energética, um grupo de peritos de energia fundado em 2001, e o director da política económica é Jason Furman, um importante membro do instituto de investigação económica Brookings, e um conselheiro com formação em ambiente, os indícios são promissores.

John McCain conta com Douglas Holtz-Eakin, como conselheiro sénior de política, economista que foi director do orçamento de estado no Congresso, entre 2003 a 2005, e ganhou fama como perito notável da política fiscal, e James Woolsey, conselheiro superior da energia, que foi director da CIA, de 1993 a 1995. Este último terá sido o principal responsável pelo frequente argumento de que a segurança energética é uma matéria da segurança nacional.
 
Energia e clima em destaque
 Numa análise a cada um dos programas, nota-se que a crise energética e as alterações climáticas são as questões ambientais que estão na ordem do dia dos dois candidatos presidenciais. John McCain reconhece, no seu programa, que «as alterações climáticas são o maior desafio ambiental dos nossos tempos», mas Barack Obama respondeu recentemente numa entrevista que «as alterações climáticas não devem ser encaradas como um desafio mas uma oportunidade». Aliás, Obama chegou a dizer ainda em campanha contra Hillary Clinton que iria «falar toda a verdade sobre o aquecimento global».
 
John McCain considera urgente o combate às alterações climáticas, tendo em conta «as evidências de que a queima dos combustíveis fósseis está na base desta problemática». Por outro lado, a dependência do petróleo externo é considerado um risco para a segurança nacional. Daí que «os EUA não podem continuar a negar a sua responsabilidade na redução das emissões de dióxido de carbono», lê-se no programa de McCain.

É neste contexto que o candidato republicano pretende lançar o projecto Lexington, uma estratégia para a energia e o clima que garanta aos EUA fontes de energia seguras, garantindo a continuidade do crescimento, e inclua as alterações climáticas. Este plano integra os elementos necessários para alcançar estes objectivos, nomeadamente, produzir mais energia, promover a transferência de tecnologia no sentido de tornar os transportes menos dependentes do combustível externo, melhorar a qualidade do ar, e assumir as alterações climáticas.  Esta estratégia reconhece que a política energética dos EUA tem de ser repensada, no sentido de permitir reformas que tragam ao mercado novos caminhos de inovação.

O republicano advoga, assim, a definição de limites de emissões de gases com efeito de estufa e a criação de um sistema de compra e venda de créditos de emissões.
 
Nuclear na ribalta
 McCain aposta ainda na construção de mais 45 centrais nucleares até 2030, na exploração das reservas americanas de gás natural e de petróleo, no investimento de tecnologias de carvão limpo, na promoção do mercado das energias renováveis, como eólica, hídrica e solar.

Barack Obama apresenta o plano New Energy, que pretende ter consequências logo a curto prazo. O democrata quer, com este plano, criar 5 milhões de novos empregos ao investir 150 mil milhões de dólares nos próximos 10 anos em energia limpa. O candidato democrata pretende que, em 2015, cerca de mil milhões de carros híbridos, fabricados nos EUA, estejam a circular no País, além de assegurar que 10 por cento da energia consumida será proveniente de energias renováveis, em 2012. A implantação de um sistema de compra e venda de créditos de carbono é outra das medidas previstas para que, em 2050, os EUA consigam reduzir as suas emissões de dióxido de carbono em cerca de 80 por cento.

(Ambiente Online, 27/10/2008)


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