O investimento em massa em energias renováveis pode dar origem a uma indústria com um faturamento anual de 360 bilhões de dólares, indica um estudo apresentado pela organização ambientalista Greenpeace nesta segunda-feira (27/10), em Berlim. Esta indústria de energias renováveis forneceria metade da eletricidade mundial e permitiria economizar no futuro 18 trilhões de dólares em gastos de petróleo, além de proteger o clima, de acordo com este relatório que esboça um plano de ação para reduzir as emissões de CO2.
O investimento na proteção do clima é economicamente rentável, afirmou o Greenpeace, reforçando seus argumentos num momento em que a crise financeira levanta vozes contra os planos de combate ao aquecimento global. "O mercado mundial de energias renováveis pode aumentar de tal forma que antes de 2050 já teria o tamanho da indústria fóssil de hoje", afirmou Oliver Schaefer, um diretor do Conselho Europeu das Energias Renováveis (EREC), co-autor do projeto junto com o Greenpeace Internacional.
"Atualmente, o mercado de energias renováveis tem um valor de 70 bilhões de dólares e duplica seu tamanho a cada três anos", acrescentou. "Por causa da economia de escala, as energias renováveis, como a eólica, já estão em condições de competir com as energias convencionais", acrescentou Schaefer, que garante: não existem barreiras técnicas para este desenvolvimento, mas sim barreiras políticas.
Sven Teske, especialista em energia do Greenpeace e co-autor do relatório, explicou que um investimento mundial de nove trilhões de dólares em energias renováveis criaria um sistema altamente lucrativo e faria despencar as emissões de gases causadores do efeito estufa.
"Essa crise financeira vai passar, mas a crise climática não vai", destacou, na entrevista coletiva na qual apresentou o estudo "(R)Evolução Energética: uma Perspectiva da Energia num Mundo Sustentável".
Com investimentos dessa ordem, os custos com combustível no futuro também devem cair significativamente - cerca de 18 trilhões de dólares -, as emissões de gases causadores do efeito estufa diminuiriam até 2015 e a média de emissões de CO2 por terráqueo despencaria das atuais quatro toneladas para apenas uma até 2050, segundo o estudo.
"Sobretudo no contexto da atual instabilidade econômica, investir em tecnologia de geração de energias renováveis é um cenário onde todos ganham: ganhamos em segurança energética, ganhamos na economia e ganhamos no clima", estima o relatório, ressaltando que as únicas barreiras que ainda restam para que comece este processo são de natureza política.
Além disso, o Greenpeace acredita que tudo isso pode ser alcançado ao mesmo tempo em que garantirá que China, Índia e outras nações em desenvolvimento tenham acesso a toda a energia de que precisam para se expandir.
"Países como China e Índia estão em uma boa posição para aproveitar a oportunidade trazida pelos enormes investimentos que serão feitos para a revolução energética", indica G. Ananthapadmanabhan, diretor do programa do Greenpeace Internacional. "A revolução energética é a chave para que eles adaptem seu desenvolvimento ao clima", acrescentou.
(AFP, 27/10/2008)